Aprende, Brasil!

Sem inovação não há competitividade. Mas sem educação não há inovação. Sem educação tampouco há mão de obra qualificada, problema que atinge a economia brasileira devido à histórica falta de investimentos na formação educacional de pessoas. A falta de trabalhadores qualificados afeta 69% das empresas, segundo pesquisa elaborada em 2011 pela Confederação Nacional da Indústria (CNI). Um estudo recente do Instituto Global McKinsey mostra que, com a redução da força de trabalho no País, que crescia 2,5% ao ano na década passada e passará a crescer menos de 1% ao ano nos próximos anos, e a falta de profissionais altamente qualificados, o Brasil corre o risco de sofrer uma grave estagnação nos níveis de produtividade.

Para mais da metade (52%) das empresas do setor industrial consultadas pela CNI, a má qualidade da educação básica é uma das principais dificuldades para qualificar os funcionários. Os números demonstram isso: 15% das crianças com oito anos ainda não estão alfabetizadas; 9,7% da população com mais de 15 anos é analfabeta; e 31% da população com 35 a 49 anos é analfabeta funcional. O Programa Internacional de Avaliação do Estudante (Pisa) de 2006 listou o Brasil em 49º lugar no teste de leitura e em 52º lugar em ciências, entre 57 países. Em matemática, a situação foi pior: o Brasil ocupou a 54ª posição. Os dados da CNI ainda mostram que o investimento por estudante nos três ciclos da educação básica representa apenas 20% do investimento médio dos países da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (Ocde). E, no total, investimos menos do que eles (5,1% do PIB contra 5,3%), que já superaram boa parte dos obstáculos que o Brasil tem pela frente.

Mas não dá para esperar a formação de uma nova geração, pois o problema é contemporâneo. Para se ter uma ideia, a falta de mão de obra qualificada no Brasil tem gerado um aumento significativo nas autorizações de trabalho para estrangeiros. De acordo com dados do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), nos primeiros três meses de 2012, os vistos concedidos a profissionais qualificados em caráter temporário cresceram 33% na comparação com o mesmo período do ano passado. Como reverter essa situação e recuperar décadas de atraso em poucos anos?

A solução para o problema pode estar na ampliação e fortalecimento do ensino técnico e profissionalizante e das graduações de curta duração, que rapidamente podem colocar no mercado profissionais aptos a preencher as vagas existentes. Nos países da Ocde, por exemplo, a média é que 54% dos estudantes do ensino médio estão matriculados em cursos profissionalizantes ou pré-profissionalizantes. No Brasil, esse percentual não chega a 10%. Aqui, as matrículas em cursos superiores de curta duração correspondem a 10% das matrículas nos cursos superiores tradicionais, enquanto na média da Ocde essa proporção sobe para 25%. E, com o auxílio das tecnologias de ensino a distância, o alcance desses cursos torna-se significativamente maior, tanto pela questão geográfica quanto pela liberdade de horários proporcionada aos estudantes. Aprende, Brasil!

Saiba mais sobre este problema e estratégias para superá-lo lendo a reportagem Ponto críticoe conheça as oportunidades decorrentes na reportagem A solução do problema.

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