Onde falha a maioria dos empreendedores

As estatísticas sobre a mortalidade de empresas no Brasil e no mundo são inúmeras e amplamente conhecidas: 50% das companhias fecham as portas após quatro anos de vida, segundo o IBGE. O Sebrae estima em 60% a taxa de mortalidade aos cinco anos. Enfim, trata-se de um cenário que desafia os novos empreendedores.

Existem várias razões para esses índices serem assim, mas sou da teoria de que culpar fatores externos como mercado retraído, aumento na concorrência ou crise política e econômica não ajuda muito. Aprendi com um brilhante professor que, quando colocamos a culpa do fracasso da negociação na outra parte, fica difícil fazer qualquer coisa para sair dessa situação, pois a outra parte, por definição, a gente não controla.

Vamos nos ater então ao que o empreendedor pode e, estou convencido, deve fazer para melhorar suas chances de sucesso: dar atenção à gestão da empresa. Isso pode soar óbvio, mas não é seguido na grande maioria dos casos. Canso de ouvir histórias de empreendedores saídos da faculdade que se juntam a colegas para fazer aquilo que gostam e que aprenderam na academia. Podem ser projetos de arquitetura, clínicas médicas, escritórios de advocacia ou quiosques para vender sanduíche natural.

Essas pessoas gostam de fazer determinadas coisas e acham que fazendo bem aquilo a que se propõem conquistarão clientes e terão sucesso. Muitas vezes eles de fato conquistam clientes, mas não necessariamente obtém sucesso. Há casos em que quanto mais clientes aparecem, mais rápido vão para o buraco. Faltam gestão e controles financeiros para entender o que está acontecendo com a empresa e que rumos devem ser tomados para corrigir determinadas situações.

De nada adianta ter muitos clientes e vender muitas peças se em cada mercadoria vendida a empresa tiver perda financeira. É preciso ter uma boa noção de qual é o custo de cada venda, qual é a margem que sobra, quais são os custos fixos da empresa e etc. etc. etc.

É altamente recomendável que os empreendedores tenham um mínimo de educação financeira nem que seja para saber o que os seus responsáveis por essa área estão fazendo. Ninguém precisa ser gênio nas finanças, mas deve ter noções básicas de números para levar a empresa adiante.

Em muitos casos de sucesso, o que se vê é um perfil complementar dos sócios empreendedores. Enquanto um se dedica à produção em si, o outro cuida dos números e da administração. Isso dá muito certo, pois cada um acaba fazendo o que sabe e gosta.

Pra ilustrar, conto duas histórias, uma triste e outra feliz. Na primeira, um empresário que conheço tinha uma empresa de arquitetura e vivia de fazer empreendimentos imobiliários, decidiu se separar do sócio, pois chegou à conclusão de que estava levando sozinho a empresa nas costas. Afinal, era ele o visionário que achava os bons terrenos e desenvolvia os belos projetos. O outro, só cuidava das contas. Pois bem, após a separação, o sócio administrador abriu um negócio com um parente e ficou bem. O meu conhecido tentou carreira solo, quebrou e hoje vive da ajuda da família.

Na outra história, dois sócios igualmente diferentes em termos de perfil de comportamento usaram suas diferenças para o bem da empresa e estão aí até hoje. Enquanto um é arrojado, visionário, ousado e criativo, o outro é conservador, metódico e racional. Um sempre cuidou de criar as coisas e o outro de administrá-las.

O fundamental é não deixar de levar em conta que a empresa precisa de uma boa gestão para ir adiante. E para isso precisa de alguém dedicado e com as ferramentas adequadas. Pense nisso antes de abrir uma empresa.

Eduardo Nasajon é presidente da Nasajon Sistemas

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