A pirataria de software no Brasil diminuiu um ponto percentual, para 59%. Contraditoriamente, os prejuízos registrados aumentaram para US$ 1,617 bilhão. Os dados constam do 5º Estudo Anual Global de Pirataria de Software, conduzido pela IDC, empresa de pesquisa de mercado e previsões do setor de tecnologia da informação e apresentada em meados deste mês pela BSA (Business Software Alliance).
A pesquisa analisou o desempenho de 108 países e concluiu que o uso de software pirateado caiu em 64 nações e cresceu em outras 11. O resultado brasileiro é considerado positivo, com redução do índice em dois anos consecutivos, acumulando uma diminuição de cinco pontos percentuais. Já na América Latina, a média caiu um ponto, passando para 65%. Os prejuízos da região atingiram US$ 4,123 bilhões.
Combate à pirataria no País
No Brasil, foram registradas, no ano passado, mais de 718 ações de combate à pirataria, que resultaram na apreensão de mais de 2,250 milhões de CDs contendo programas ilegais, um aumento de 150% ante 2006. Além disso, foram implementados o Projeto Escola e o Programa de Capacitação em Antipirataria, iniciativas educacionais direcionadas para estudantes e autoridades públicas, nesta ordem.
"Acreditamos que, para um combate efetivo, é indispensável aliar ações repressivas, educativas e econômicas. E o aspecto econômico vem sendo endereçado pela própria indústria, que oferece diversas formas de aquisição. Sem dúvida, estamos no caminho certo", declara o coordenador do Grupo de Trabalho Antipirataria da ABES (Associação Brasileira das Empresas de Software), Emílio Munaro.
Pirataria prejudica empresas
"No final de 2007, havia mais de 1 bilhão de PCs instalados no mundo inteiro, e quase metade deles continha software pirateado," declarou diretor de Pesquisa da IDC, John Gantz.
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Os prejuízos causados pela pirataria de software vão muito além do setor. A prática ilegal prejudica também a capacidade das empresas de tecnologia de contratar mais pessoas e investir em novas tecnologias, afeta negativamente as empresas de serviços e revendedores locais, reduz a arrecadação de impostos pelo governo e aumenta o risco de crimes cibernéticos e problemas de segurança.
Recentes estudos apontam ainda que uma redução de 10% da pirataria de software no Brasil poderia gerar um mercado de Tecnologia da Informação mais forte, agregando até 2011 cerca de 11,5 mil novos empregos, US$ 2,9 bilhões em receita para a indústria local e US$ 389 milhões adicionais em impostos.
Crescimento de PCs
Enquanto no Brasil a pirataria diminui, no resto do mundo ela avança. Devido ao rápido crescimento do mercado de PCs nos países com altas taxas de pirataria, a taxa de pirataria mundial aumentou três pontos percentuais, ficando em 38% no ano passado. Os prejuízos em dólar ocasionados pela produção e pela venda ilegal de produtos se expandiram de US$ 8,5 bilhões para US$ 48 bilhões.
"Estamos progredindo bastante na guerra contra a pirataria de software para microcomputadores, o que é uma boa notícia para governos, usuários finais, empresas e para o setor," comentou o country-manager da BSA no Brasil, Frank Caramuru. "Mas agora o campo de batalha está se transferindo para os mercados emergentes, onde muitos dos nossos desafios coletivos permanecem."
Análise dos países
Confira as principais conclusões do estudo:
* Entre as nações estudadas, a Rússia está na liderança do combate à pirataria, com uma queda de sete pontos percentuais em um ano, para 73%, e de 14 pontos em cinco anos. A pirataria na Rússia ainda é alta, mas vem caindo rapidamente em decorrência dos programas de legalização, ações de repressão e empenho por parte do governo, educação dos usuários e melhoria da economia;
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* Os três países com as maiores taxas de pirataria são Armênia (93%), Bangladesh (92%) e Azerbaijão (92%);
* Os três países com as menores taxas de pirataria são Estados Unidos (20%), Luxemburgo (21%) e Nova Zelândia (22%). Vale ressaltar que, apesar da baixa taxa de pirataria nos EUA, os prejuízos em dólares são maiores do que os de qualquer outro país, ultrapassando US$ 8 bilhões;
* As taxas de pirataria caíram ligeiramente em muitos mercados com pouca pirataria, onde as taxas permanecem estáveis há vários anos, inclusive nos Estados Unidos (-1%), Reino Unido (-1%), e Áustria (-1%);
* Em outras economias desenvolvidas, entre as quais, Austrália, Bélgica, Irlanda, Japão e Suécia, a pirataria sofreu um declínio contínuo e gradativo;
* Os fatores de mercado que contribuem para o aumento das taxas de pirataria são dinâmicas do mercado de microcomputadores, onde o crescimento mais rápido está nos setores de bens de consumo e pequenos negócios, que são também os mais difíceis de lidar, quando o assunto é pirataria, e acesso ampliado à internet e banda larga;
* A previsão é de que aproximadamente 700 milhões de pessoas entrarão na internet pela primeira vez entre 2008 e 2012, e 76% delas estarão em mercados emergentes. O acesso ao software pirata continuará se transferindo das ruas para a internet;
* Os fatores de mercado que contribuem para a redução das taxas de pirataria são: intensificação da globalização, tecnologias que permitem o gerenciamento de direitos digitais e novos modelos de distribuição de software.
Sobre o estudo
O estudo aborda a pirataria de todos os softwares executados em microcomputadores, incluindo desktops, laptops e ultra-portáteis, mas não inclui outros tipos de software, tais como de servidor ou mainframe.
O IDC usou estatísticas proprietárias de remessas de software e hardware e analistas cadastrados em mais de 60 países para confirmar as tendências.