O terceiro lado da rua

Empreendedor de empanadas – Um empreendedor começou seu negócio devendo: comprou um freezer a prestação, se estabeleceu na garagem da casa de seu pai e se tornou um distribuidor de comida congelada (empanadas). Está há um ano no mercado e com seis freezers lotados de alimentos. Ele é um empreendedor? Leia mais: tem uma dívida de R$ 4 mil e descobriu em nossa consultoria que está operando a 50% do ponto de equilíbrio e com uma margem de contribuição bem menor do que a conta de padeiro que fizera. Ele é um empreendedor? Sim, ele é um empreendedor.

Empreendedor de alto impacto – Um jovem inteligente, com experiência em empresa multinacional, decidiu fazer uma carreira solo e entusiasmado abriu uma empresa de consultoria por conta própria. O foco de sua empresa é oferecer serviços de estratégia para empresas de alto impacto, isto é, empresas pequenas com grande potencial de crescimento. Ele entende do seu negócio e domina a linguagem empresarial. Está ganhando dinheiro. Ele é empreendedor? Sim, ele é um empreendedor.

Qual é a diferença entre os dois casos? E qual é a semelhança? A diferença é fácil de identificar: um começou com entusiasmo e o outro com dívida; um domina a linguagem empresarial; o outro ignora. Quanto à semelhança também tem um fator óbvio: os dois tiveram um impulso para empreender. E o que mais? Há uma semelhança sutil que permeia os dois casos e a ampla maioria das empresas brasileiras.

Desencaixe – Nos dois casos há um claro desencaixe entre o modelo de negócio das MPEs do Brasil (que privilegia o trabalho ao invés do capital), o modelo familiar (que privilegia a ascensão social e as relações familiares ao invés da reserva financeira e o profissionalismo), o modelo mental do empreendedor brasileiro (que tem a intenção prévia de sobrevivência ao invés da ambição empresarial), o modelo cultural de nosso país (que tem o encantamento pela pobreza e a repugnância da riqueza) e a possibilidade de riqueza empresarial (aquele empresário que conquista a liberdade de empreender por opção e não por obrigação).

Traduzindo o modelo de negócio descrito para o empreendedorismo podemos fazer a seguinte classificação:

Empreendedor com espírito trabalhador – É aquela pessoa que inicia um negócio e tem como intenção prévia a sobrevivência pessoal e familiar. Sua motivação é a ascensão social. Tem no empreendimento uma opção ao trabalho. Não pensa grande. Ao atravessar a rua não olha nem para a direita, nem para a esquerda, ou seja, não entende nem do empreendimento, nem do investimento. Mais cedo do que imagina é atropelado e se torna um pobre empreendedor infeliz.

Empreendedor com espírito empreendedor – É aquela pessoa orientada por uma real oportunidade de negócio. Monta o empreendimento com a intenção prévia de expressar algo exclusivo que domina e faz bem-feito; algo inovador. Sua inspiração é tornar o mundo melhor e poder viver feliz com aquilo que empreende. São empreendedores felizes que habitualmente só olham para um lado da rua: para o empreendimento. Correm o risco de um dia serem atropelados pelos problemas vindos do outro lado da rua – o do investimento.

Empresário com espírito investidor – São pessoas que sabem montar e manter uma operação lucrativa. Como investidores buscam resultados desproporcionais aos esforços. Investem em mercados grandes, em crescimento e lucrativo. Entendem o necessário encaixe entre o modelo de negócio de uma empresa (privilegiando o capital), o modelo familiar (privilegiando a reserva financeira e o profissionalismo), o modelo mental do empreendedor (tendo ambição empresarial), o modelo cultural de nosso país (observando o enriquecimento do empresariado brasileiro) e a necessária intenção prévia da riqueza empresarial.

O terceiro lado da rua – Esses últimos sabem olhar para os três lados da rua: para o empreendimento (que amam de paixão), para o investimento (usando a razão) e para a verdade suprema de que tornar-se um empresário rico e feliz é necessário.

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