Alta da renda leva consumidor a abandonar pesquisa de preços

Fatia de entrevistados que não pesquisa preço à vista antes de comprar a prazo passou de 17% em abril de 2010 para 31% em abril deste ano; comportamento contribui para a tendência de alta da inflação

A melhora de poder aquisitivo conduziu a um maior "relaxamento" do consumidor quanto ao seu orçamento. Pesquisa da Fecomércio-RJ/Ipsos divulgada nesta quarta-feira, 6, que ouviu mil domicílios em todo o País entre os dias 21 e 31 de abril mostra que, em abril, cresceu o número de pessoas que desconhecem o quanto paga em tarifas bancárias; e que não faz pesquisa nem de preços à vista, nem de juros antes de comprar à prazo.

Dados do levantamento, realizado desde 2007, mostram que a fatia de entrevistados que não sabe quanto paga em tarifas de banco subiu de 60% para 63% de abril de 2010 para abril de 2011. No mesmo período, diminuiu o porcentual de consumidores que sabe o valor das tarifas, de 40% para 37%. Para o economista da Fecomércio-RJ, Christian Travassos, o brasileiro sente-se mais confortável com sua situação financeira devido à continuidade do bom cenário de emprego formal, com patamar ainda elevado de massa salarial.

A satisfação do consumidor quanto aos seus ganhos também se refletiu no recuo do porcentual de renda comprometido com empréstimos, de abril de 2010 para abril de 2011, de 26% para 22% do total dos ganhos mensais.

Isso também derrubou interesse de pesquisar mais antes de efetuar compras. A fatia de entrevistados que faz pesquisa de preços à vista antes de comprar a prazo caiu de 82% para 68%, de abril em 2010 para abril de 2011. Já a dos que não pesquisam quase dobrou, de 17% para 31%. "O aumento da concorrência entre empresas torna preços muito parecidos. Daí, o consumidor pensa que não precisa pesquisar tanto", salientou o especialista. Também cresceu a parcela de pessoas que não pesquisam juros antes de tomar empréstimos, de 33% para 47%, no período; e caiu de 67% para 52% a fatia de entrevistados que o fazem.

Travassos observou, no entanto, que o levantamento também sinaliza potencial de crescimento do mercado bancário brasileiro. A parcela dos que têm conta bancária, que é menos da metade dos pesquisados desde 2007, recuou de 49% para 47%; e a dos que não têm saltou de 51% para 53%, de abril do ano passado para abril deste ano. "A participação de pessoas com conta no banco tem espaço para aumentar. Informações do Banco Central (BC) atestam que 55% da população brasileira ainda recebe salário em dinheiro. Isso é uma oportunidade enorme", comentou.
 

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