Após IPI, comércio tem crescimento moderado

Vendas aumentaram 2,8% no trimestre em relação a 2011, mesmo após a redução do imposto e o corte nos juros para estimular o consumo

A redução dos impostos sobre geladeiras, fogões e máquinas de lavar e o corte na taxa básica de juros provocaram uma recuperação moderada nas vendas do comércio varejista no primeiro trimestre deste ano. De janeiro a março, a média de consultas para negócios à vista e a prazo aumentou 2,8% em relação ao mesmo período de 2011, segundo dados da Associação Comercial de São Paulo (ACSP).

O resultado é bem melhor que o registrado no último trimestre do ano passado, que encerrou com um ritmo de crescimento anual de vendas de 1,2%. "As medidas do governo para estimular a economia foram positivas, na direção certa, mas a crise pesou mais", afirma o economista da ACSP, Emílio Alfieri. Entre os fatores externos apontados por ele que influenciaram o resultado estão os efeitos da crise europeia e a desaceleração da China.

Já em relação ao mercado interno, o economista destaca a base de comparação forte, que foi o primeiro trimestre de 2011, como fator que influenciou na taxa moderada de crescimento. Além disso, o endividamento do consumidor que, muitas vezes se transforma em inadimplência, pesou no resultado.

"Dentro dos shoppings, as vendas têm se sustentado nos pequenos créditos de prazo curto, que continuam sendo liberados sem dificuldades para compras miúdas, ao contrário do que ocorre no setor de veículos", afirma Luís Augusto Ildefonso da Silva, diretor de Relações Institucionais da Alshop, associação que reúne os lojistas de shoppings.

Os números da ACSP mostram que, no trimestre, a maior taxa de crescimento foi registrada nos negócios à vista ou com cheque pré-datado (3,1%) em relação a igual período de 2011, enquanto as vendas no crediário aumentaram num ritmo menor, de 2,6%, nas mesmas bases de comparação.

Silva, da Alshop, destaca que a redução do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) da linha branca ajudou bastante as vendas. "Talvez não teríamos vendas se não tivéssemos essa redução", diz ele.

Agressividade

A Lojas Colombo, especializada em eletroeletrônicos e com 330 pontos de vendas espalhados no Sul, em São Paulo e Minas Gerais, ampliou em 12% as vendas neste primeiro trimestre ante 2011. César Siqueira Anderson, diretor de vendas, aponta a redução dos juros, dos impostos sobre a linha branca e também a "maior agressividade" da própria companhia para atingir esse resultado.

"Mesmo baixando os juros, existe hoje uma resistência maior na recuperação comparativamente ao período 2009/2010, quando o governo também estimulou a economia", diz Alfieri, da ACSP. Uma das explicações pode estar na taxa de inadimplência, hoje controlada, porém num nível elevado. Em março, o índice de inadimplência líquida do crediário atingiu 8,2%. O resultado é maior do que o obtido no mesmo mês de 2011 e em fevereiro (7,6%), mas está aquém do pico do calote, que ocorreu em março de 2009 (9,2%). A inadimplência líquida é o saldo do número de carnês inadimplentes e os renegociados, em relação às vendas a prazo de três meses anteriores.

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