Brasil se aproxima da nacionalização do ciclo do combustível nuclear

O Brasil deu mais um passo para nacionalizar o ciclo do combustível nuclear. A estatal Indústrias Nucleares do Brasil (INB) comemora hoje (9) a produção do milésimo primeiro elemento combustível produzido por sua Fábrica do Combustível Nuclear (FCN), instalada em Resende, no estado do Rio de Janeiro. Esse é o primeiro elemento combustível fabricado com urânio enriquecido no Brasil pelo Centro Tecnológico da Marinha de São Paulo (CTMSP).

O diretor da Área de Produção Nuclear da INB, Samuel Fayad, afirmou ontem (8) à Agência Brasil que o milésimo primeiro combustível representa um marco importante, que são as pastilhas fabricadas com urânio enriquecido no território nacional. “Isso marca principalmente a eficiência das usinas de Angra 1 e 2 e representa a transição entre uma nova geração de combustíveis, que serão instalados a partir da próxima recarga dos reatores da usina nuclear de Angra 2".

A nacionalização completa do ciclo do combustível nuclear poderá ser atingida no espaço de seis anos, confirmou Fayad.  “As possibilidades são grandes de nos próximos seis anos atingirmos essa maturidade”. Em termos da capacidade de produção industrial, ele salientou que isso dependerá da demanda. “O domínio para fabricarmos certos componentes não significa que nós vamos fazer todo o ciclo no Brasil. Porque, economicamente, talvez não seja viável".

Ele estimou que o novo combustível aumentará em torno de 8% a 10% a eficiência do reator de Angra 2. Em relação à Angra 1,  apontou que o ganho poderá ser de cerca de 10% na produção de energia elétrica. “E esperamos [que isso ocorra] já com os novos geradores de vapor, que começam a ser instalados a partir do mês de outubro”. Destacou que o novo elemento marca também a capacidade dos engenheiros e trabalhadores brasileiros da INB de  inovar e de produzir combustível e equipamentos de alta qualidade, sem um único defeito até hoje.

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O diretor da INB esclareceu que esses combustíveis do tipo HTP ainda têm componentes adquiridos no exterior. Isso ocorre, principalmente, em relação aos que abastecem o reator de Angra 2, comprados na Europa. Esses elementos seguem a tecnologia do Acordo Brasil-Alemanha. Samuel Fayad salientou, no entanto, que o Brasil já tem parte desses componentes fabricada no país.

A estatal começou já a partir deste ano, na fábrica de Resende, o processo industrial de  enriquecimento do urânio, em pequena escala. Fayad explicou que o processo é feito por etapas. Por isso, a empresa pretende agregar, ao longo dos anos, outro módulos, até atingir a meta de ter 60% das necessidades de Angra 1 e 2  atendidas em 2010.
Alguns componentes continuarão a ser  adquiridos no exterior. “Só que dominando a fabricação, a tecnologia, como projetar. E, com isso, nós discutimos de outra forma com os parceiros do setor, melhorando a nossa performance de industrialização e também a deles”.

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