Brasil tem papel importante nas relações entre países sul-americanos

A visita do presidente Luiz Inácio Lula da Silva à Bolívia e à Colômbia neste fim de semana será importante para acelerar o processo de integração na América do Sul e para a concretização das ações da União de Nações Sul-Americanas (Unasul). A avaliação é do professor de Relações Internacionais da Universidade de Brasília (UnB) Virgílio Arraes.

Para ele, o Brasil tem um importante papel como mediador das relações entre os países do continente, especialmente entre a Colômbia e a Venezuela, que recentemente tiveram suas relações estremecidas. “A presença brasileira como mediadora pode contribuir para que haja uma proximidade maior entre os dois países, e assim o processo de integração possa seguir mais robustamente”, afirma.

Arraes avalia que criação da Unasul é uma idéia excelente, mas que ainda faltam condições políticas para que a integração do continente se concretize. Um dos objetivos da viagem de Lula é justamente debater com os presidentes da Bolívia e da Colômbia o andamento das ações referentes à Unasul.

O principal requisito para que a integração proposta pela Unasul se concretize é a dissolução de divergências políticas, que, segundo Arraes, muitas vezes se tornam desavenças econômicas. Ele diz também que é preciso criar políticas sociais para intensificar a livre circulação de pessoas dentro da América do Sul.

“É um processo que leva anos. São muitas as dificuldades, e os esforços deveriam ser para concretizar blocos menores, como o Mercosul e a Comunidade Andina. Assim, a Unasul surgiria quase naturalmente”, acrescenta o professor.

Segundo ele, os países da América do Sul não têm condições de concretizar, a curto prazo, a criação de um Conselho Sul-Americano de Defesa, nem de um Banco Central único para a região. O professor diz ainda que é preciso primeiro promover maior integração física e política do continente e melhorar a infra-estrutura dos países, além de intensificar o comércio entre eles.

Arraes lembra que o Brasil não deve se posicionar oficialmente sobre a presença das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc) no país, que, na sua avaliação, vive situação próxima à de uma guerra civil. “Caso convocado, o Brasil não poderia se furtar a colaborar. Mas não acredito que o Brasil se disponha a ter uma participação intensa em uma questão que é local: o conflito entre o governo central e forças militares bem armadas e com uma plataforma política”, afirma.

Na Bolívia, Lula deverá assinar a liberação de US$ 230 milhões para o governo de Evo Morales usar na construção da rodovia Rurrenabaque-Riberalta. Para Arraes, o anúncio do financiamento sinaliza uma parceria política entre os presidentes.

“A visita tem um reflexo de proximidade entre os dois países, que sinaliza o desejo do governo boliviano de normalizar o seu relacionamento com o Brasil, o que afastaria o fantasma de a Bolívia se tornar um elemento de instabilidade regional”, avalia o professor.

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