Cinco cuidados na hora da transição da gestão em empresas familiares

O desafio da sucessão nas empresas familiares é uma realidade que está presente na maioria dos negócios no Brasil. De acordo com uma pesquisa da PwC, 80% das companhias do país tem essa configuração, contribuindo com 50% do Produto Interno Bruto nacional. Por isso, na hora de deixar o comando, é comum que pais, avós e demais parentes tenham receio em relação ao desempenho dos sucessores.

Para o consultor empresarial Roberto Vilela, que há duas décadas auxilia empresas neste propósito, a falta de estruturação e de visão profissional do negócio são erros comuns. “É preciso entender que o escritório não pode ser uma extensão da mesa de jantar de casa. Enquanto gestores, há uma hierarquia que deve ser respeitada e preservada, bem como a tomada de decisões”, diz.

De acordo com a PwC, apenas 12% das empresas sobrevivem à terceira geração. Roberto alerta que existem caminhos essenciais para se seguir e evitar que o negócio não faça parte da estatística. Ele lista cinco deles:

– Conviver é diferente de se preparar: não é porque o filho ou o neto crescera dentro da empresa que ele estará pronto para assumir o comando da companhia. O consultor explica que é fundamental que os profissionais indicados para a linha sucessória estejam capacitados para o desafio. “Estudar o mercado, o segmento, as novidades da área e questões como economia, gestão e finanças, é o básico para quem vai liderar uma companhia”, diz.

– Há diferenças entre as gerações e elas podem ser boas: para Roberto, os mais jovens tem muito a contribuir. “O maior problema que percebo é a imposição de ideias. Não é a experiência do pai ou os estudos do filho que vão salvar os negócios se eles não souberem debater e analisar em conjunto as sugestões. Muitas vezes o próprio gestor desacredita o sucessor e vice-versa. Isso acaba com a liderança, a confiança da equipe e do mercado”, avalia.

– Você quer a minha empresa? Segundo o consultor empresarial, é comum que muitos herdeiros assumam negócios com as quais não tem nenhuma afinidade. “Fazem isso por obrigação e acabam perdendo a vontade de ver o trabalho fluir. Com isso acabam vindo as ações sem estratégia que, aos poucos, vão afundando a empresa”, alerta.

– Familiar e profissional ao mesmo tempo: mesmo que a família tenha cargos de liderança e papel decisivo na tomada de decisão, um olhar externo é essencial, “Sempre recomento que estes gestores se cerquem de profissionais competentes que não tenham ligação de sangue e que tenham cargos de liderança na companhia. Em empresas maiores é comum que exista um conselho regido pelos fundadores e herdeiros e que um administrador tome a frente no dia a dia”, comenta.

– Inovação e cautela devem andar juntas: segundo o estudo da PwC, 96% dos millennials -(jovens que nasceram entre 1982 e 2004) que estão na linha de sucessão pretendem gerar algum impacto na empresa usando a inovação. Roberto Vilela acredita que o melhor caminho seja unir este espírito inovador com a cautela já adquirida nas gerações anteriores. “O mercado está em constante mudança e é preciso, sim se adaptar a ele. Porém alterações bruscas e realizadas sem o devido cuidado podem acarretar em prejuízos. O ideal é que elas sejam discutidas entre os líderes e, sempre que possível, haja a opinião de um especialista envolvido. O processo de transição não é fácil e pode levar anos para ser feito de forma satisfatória. Não dá para mudar tudo de uma só vez, sem valorizar a história e os esforços passados, nem manter a empresa estagnada”, finaliza

Facebook
Twitter
LinkedIn