Classe C é principal mercado do setor de brinquedos

Bom desempenho acontece mesmo em períodos de crise.

Entra ano e sai ano, o setor de brinquedos cresce em faturamento. E os consumidores da classe C são os principais responsáveis pelo bom desempenho do setor, mesmo em períodos de crise.

O crescimento da renda dos emergentes ajudou a indústria de brinquedos a faturar R$ 3,117 bilhões no ano passado, um crescimento de 15% em relação a 2009. Mas, para o presidente da Estrela e diretor da Abrinq (Associação Brasileira dos Fabricantes de Brinquedos), Carlos Tilkian, ainda que o cenário econômico para os consumidores tivesse sido ruim, haveria alta. “O mercado de brinquedos não cai”, afirma.

De fato, em 2009, quando os consumidores estavam mais cautelosos, devido aos impactos da crise na econômica mundial, o setor faturou R$ 2,710 bilhões, uma alta de 8%. Somente a produção nacional cresceu quase 50% naquele ano e somou R$ 1,441 bilhão. Em 2008, ano do início das turbulências financeiras nos Estados Unidos, a indústria de brinquedos cresceu mais de 12% no Brasil e faturou R$ 2,510 bilhões.

Para este ano, o setor espera um crescimento de 15%, com faturamento de R$ 3,585 bilhões, sendo R$ 1,917 bilhão em produção nacional e R$ 1,613 bilhão em importações. E os consumidores da classe C, mais uma vez, terão grande parcela de participação nesse desempenho. “Não temos números que mostrem isso, mas sabemos que, até em função de serem em maior número, os consumidores da classe C são nosso principal mercado”, afirma Tilkian.

De acordo com o Ibope, hoje, a nova classe média representa 50% da população e tem uma massa de renda para o consumo que ultrapassa os R$ 600 bilhões.

Comportamento do consumidor

O crescimento da indústria de brinquedos em qualquer cenário se explica pelo próprio comportamento dos brasileiros. Em tempos de crise, eles cortam grandes gastos e aqueles que consideram supérfluos. E os brinquedos não entram na lista, na avaliação de Tilkian. “Para o brasileiro, o brinquedo não é um item supérfluo. Ele é reconhecido como um instrumento de entretenimento importante, com papel fundamental no desenvolvimento da criança”. E os pais sabem disso.

Tanto é que justamente em tempos de crise, quando há sobra de dinheiro no orçamento, eles compram mais esse tipo de produto. “Não é que existe uma troca entre o eletrodoméstico que esse consumidor deixou de comprar pelo brinquedo. Mas à medida que a família tem mais renda sobrando, aliada a essa cultura de dar o brinquedo para a criança, ela compra”, afirma Tilkian. E esse comportamento, explica, independe da renda dos consumidores.

A diferença que separa os consumidores mais abonados dos emergentes e aqueles com renda menor é o tipo de produto. Quanto maior a renda, maior a sofisticação dos brinquedos. “Ainda assim, a indústria tenta acompanhar o crescimento da criança em termos de tecnologia, independente das faixa de renda”, afirma o executivo. Dessa forma, é possível encontrar de brinquedos eletrônicos mais simples aos mais tecnológicos e, por consequência, mais caros.

Oferta e demanda

E ainda que a oferta de brinquedos eletrônicos seja cada vez maior, os mais tradicionais não perdem espaço. No ano passado, as vendas de bonecas e bonecos em geral e de brinquedos de plásticos cresceram 14,1% e 34,4%, respectivamente. Os jogos também continuam entre os preferidos, com alta de 14% nas vendas. As comercializações dos eletrônicos, por sua vez, cresceram apenas 0,3%. Até os brinquedos de madeira cresceram mais, 6,6%.

Para o executivo, esses números demonstram a importância da classe C nesse mercado. São eles que mantêm as vendas dos itens mais tradicionais. Até porque esses produtos têm preço médio de R$ 30. Sem exigir muito esforço financeiro e sem depender de crédito, os consumidores emergentes garantem a diversão dos filhos.

Crédito

O crédito, que ajudou no crescimento do consumo dos brasileiros, não fez diferença para a indústria de brinquedos, pois com o preço médio baixo para os itens, os consumidores não precisam contratar qualquer tipo de financiamento para efetuar a compra.

Considerando apenas os lançamentos de 2010, 74,6% tinham preços de até R$ 50, sendo que 14,8% custavam até R$ 10, 16,6% custavam na faixa entre R$ 11 e R$ 20, 21,4% na faixa de R$ 21 a R$ 30 e 21,8% na faixa de R$ 31 a R$ 50. Apenas 14% dos lançamentos de 2010 tinham preços de R$ 51 a R$ 100. E 11% deles custavam mais de R$ 100.

Diante disso, Tilkian ressalta que todas as medidas adotadas pelo Governo para restringir o crédito não afetarão o setor de brinquedos. “A restrição não é determinante para a queda do consumo de brinquedos”, ressalta o executivo.

Para este ano, a indústria deve lançar 14,6% mais brinquedos que no ano passado. E os valores, na avaliação de Tilkian, devem se manter, permitindo que o consumidor não dependa de crédito para comprar os itens. “No setor, não temos aumentos de preços significativos. Então, o gasto do consumidor durante este ano deve ser o mesmo”, completa o executivo.

Abrin

Para discutir o setor, acontece nesta quarta-feira (13) a Abrin 2011 – 28º Feira Brasileira de Brinquedos, que vai até o próximo dia 16, no Expo Center Norte, em São Paulo. O evento reunirá 200 fabricantes que esperam a visita de 25 mil profissionais do setor, com a expectativa de movimentar cerca de 30% do faturamento esperado para este ano.

 

Facebook
Twitter
LinkedIn