Colaboradores interconectados

Enquanto algumas empresas apostam na diversificação da oferta de produtos e serviços, outras preferem focar todos os seus esforços e força de trabalho no desenvolvimento de um único projeto. É o caso da SocialBase, empresa de tecnologia de informação totalmente dedicada ao desenvolvimento de uma rede social corporativa que leva o mesmo nome da empresa. Com sede em Florianópolis, a companhia oferece consultoria na implantação da ferramenta, customização, integração com sistemas já existentes, suporte e treinamento dos usuários. “Somos uma empresa de um produto só, pois de nada adianta desenvolver diversos itens e não se especializar em nenhum; queremos nos aprofundar e aprimorar ao máximo o nosso trabalho”, afirma Radamés Martini, um dos fundadores e diretor-executivo da SocialBase.

Espécie de “Facebook corporativo”, a SocialBase segue os princípios e identidade visual da maior e mais famosa rede social do mundo, incluindo todos os recursos como perfil de usuário, atualização de notícias em formato de linha do tempo, bate-papo, grupos e páginas temáticas, opções para curtir e compartilhar conteúdo, entre outros. “Adaptamos as principais funcionalidades do Facebook visando à colaboração corporativa, o que pode incluir colaboradores, clientes, fornecedores e parceiros”, explica Radamés.

Através de postagens e comentários nos perfis e grupos, as discussões estimulam a colaboração de funcionários de todas as áreas da empresa, gerando ambiente propício para o fomento de novos projetos. “Muitos colaboradores, inclusive, acabam tendo acesso a informações que jamais teriam conhecimento, assim como também podem expor capacidades e ideias desconhecidas, às vezes muito valiosas para a empresa como um todo”, completa o empreendedor. A plataforma permite ainda que os funcionários interajam de forma mais intensa, conhecendo melhor seus colegas, tanto pelo perfil como por meio dos conteúdos compartilhados e das discussões que a ferramenta possibilita. “Com isso é possível aumentar a produtividade e melhorar o clima organizacional, além de unir equipes geograficamente distantes.”

Fundada em janeiro de 2011, a empresa surgiu graças a um “insight” de Radamés dois anos antes, em 2009. Formado em Administração de Empresas, o catarinense cursava Finanças nos Estados Unidos quando, durante uma palestra com o CEO da Batavo, lhe ocorreu a ideia de desenvolver uma rede social exclusivamente corporativa. “O executivo da Batavo falava sobre os desafios de integrar os mais de 13 mil funcionários da empresa na época e percebi aí uma oportunidade de negócio”, relembra.

De volta a Florianópolis, Radamés lançou a ideia para o engenheiro mecânico André Ribas, parceiro desde os tempos em que estudavam na Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). O próximo a se unir ao grupo foi Paulo Ross, profissional do ramo de tecnologia da informação e desenvolvedor de sistemas sênior. Juntos, eles criaram um protótipo da rede social, incluindo as funcionalidades básicas que julgavam essenciais ao produto. Para desenvolver essa primeira versão, contrataram uma empresa de TI localizada na Índia. “Eles foram os únicos dispostos a executar nosso projeto com a verba e o prazo que tínhamos”, conta Radamés.

Para testar a ferramenta in loco, os empresários contaram com a parceria de companhias de São Paulo e Florianópolis, com quem mantinham relacionamento, que passaram a utilizar a rede para promover a interação e colaboração entre suas equipes. “Como o feedback foi muito positivo,  iniciamos o desenvolvimento da primeira versão, dessa vez por conta própria, sob a coordenação de Paulo Ross, processo que levou um ano e meio para ser concluído”, relata Radamés.

Lançada em maio de 2012, a plataforma já conta com mais de 1,3 mil companhias de todo o Brasil que criaram suas redes sociais corporativas. Os usuários, que já somam acima de 20 mil profissionais de diversos cargos e áreas de atuação, podem interagir apenas com membros da rede onde estão cadastrados ou que forem autorizados a ingressar. “Essa, na verdade, é a única diferença que temos em relação às redes sociais comuns, pois garantimos total privacidade, já que o acesso só é permitido a e-mails que tenham o mesmo domínio e apenas o administrador da empresa pode convidar e incluir outras pessoas de fora”, detalha o empreendedor. Entre as empresas que aderiram à ferramenta estão companhias como Portobello e Associação Catarinense de Tecnologia (Acate).

Quem recentemente ingressou na rede foi o escritório Menezes Niehbur Advogados Associados, com sede na capital catarinense. O objetivo é substituir o uso do e-mail e potencializar a troca de informações. Estima-se que, mesmo sem ter sido feita qualquer ação específica de apresentação e incentivo ao uso do software, 55 dos 64 profissionais atuantes no escritório já possuíam um perfil no SocialBase logo após sua criação. O grupo utiliza a rede para discutir processos e questões de interesse coletivo na área jurídica. “Apesar da sede do escritório abrigar todos os colaboradores em Florianópolis, frequentemente muitos deles estão viajando por motivo de trabalho, então o SocialBase auxilia no acompanhamento e apoio a distância dessas pessoas”, diz Radamés.

A semelhança com o Facebook não é mera coincidência. Ao tornar a interface mais “familiar”, a SocialBase pretende facilitar a adaptação dos usuários. “A taxa de adesão é muito maior no caso de um layout mais conhecido e amigável do que se tiver que aprender do zero”, diz o empresário, referindo-se a outros sites de inovação colaborativa, como o Zoho, e os sistemas de intranet. “Intranet é algo que se tornou praticamente obsoleto, a maioria dos funcionários sequer acessa, ou só utiliza quando precisa checar o contracheque”, compara.

Além disso, a SocialBase segue o princípio da “consumerização”, termo utilizado para designar o uso de dispositivos pessoais no ambiente de trabalho, como tablets, netbooks e smartphones que a cada dia são mais utilizados nas empresas por colaboradores que os levam para o ambiente de trabalho. “Esses gadgets podem e devem ser utilizados para aumentar a produtividade dos profissionais”, afirma Radamés, que contabiliza a criação de aproximadamente dez novas redes sociais por dia, com a expectativa de chegar a 150 em 2013.

Para dar conta dos planos de expansão, no ano que vem a empresa também pretende inaugurar escritórios em São Paulo, Rio de Janeiro e Brasília, onde está localizada a maioria dos clientes. “Estatísticas indicam que o mercado de social business deve movimentar mais de US$ 6 bilhões em 2016, e é neste mercado que pretendemos nos firmar.”

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