Com petróleo e Olimpíada, Rio abre mais vagas para executivos

Executivos que saíram da cidade em período de ”vacas magras”, na década de 1990, agora têm chance de retornar

O setor de óleo e gás e o crescimento do mercado imobiliário, além da expectativa de negócios com a Copa do Mundo e a Olimpíada, animam a contratação de executivos para vagas no Rio de Janeiro – em contraste com o desaquecimento visto na década passada, que motivou uma verdadeira debandada de profissionais para São Paulo. Agora, de acordo com consultorias, os interessados em voltar à "terra natal" podem encontrar oportunidades com salários equivalentes aos pagos em São Paulo.

No caso da consultoria Fesa, o escritório do Rio foi o que mais cresceu na empresa nos últimos cinco anos. Segundo Leonardo Ribeiro, responsável pela região, a procura por profissionais de alto escalão cresceu 400% no período. Em boa parte dos casos, foi preciso buscar profissionais fora do Estado. "Só no primeiro semestre, trouxe seis profissionais da área de energia. E todos vieram de São Paulo."

Apesar de admitir que a questão da segurança – evidenciada pelos confrontos entre polícia e traficantes no Morro do Alemão, no fim do mês passado – causa uma certa resistência à ideia de uma mudança para o Rio de Janeiro, o sócio-diretor da Korn/Ferry, Alexandre de Botton, afirma que as vagas que exigem uma mudança no dia a dia da família do executivo costumam ter um bônus salarial embutido – podendo inclusive superar os vencimentos pagos em São Paulo.

Segundo o executivo da Korn/Ferry, a remuneração no Rio fica geralmente entre 5% a 10% abaixo da oferecida em São Paulo. "Mas a tendência de longo prazo é de que o valor nos dois mercados se equipare", diz Adrian Tsallis, da consultoria 2GET.

Mudança. Há seis meses, Wagner Rodrigues deixou São Paulo em direção ao Rio para assumir a diretoria de RH da BBFC, holding que controla várias empresas do setor de alimentação, entre elas o Bob"s e a KFC. Embora tenha se mudado para o Rio, Rodrigues viaja quase todos os fins de semana para São Paulo para ver os filhos. "Acho que, com um bom planejamento, é possível ver Rio de Janeiro e São Paulo como um mesmo mercado. Evitando os horários muito cheios, é possível ir para São Paulo e gastar duas horas, incluindo os deslocamentos dentro das cidades", diz o executivo.

Em relação à questão da segurança, Rodrigues afirma que toda a mudança exige "uma adaptação". Ele diz que, entretanto, morar no Rio também tem suas vantagens: "Tenho uma filosofia de que é possível viver em qualquer cidade. Acho que é importante a gente se ajustar e aproveitar as boas coisas de cada lugar. O Rio tem uma beleza natural mais convidativa à prática de exercícios físicos, por exemplo."

Nas contratações que realizou nos seis meses na BFFC, Rodrigues conta que buscou um gerente de tecnologia da informação que morava em São Paulo, mas desejava voltar para o Rio, onde nasceu. "É comum o mercado daqui não ter o profissional necessário. Acho que este é um momento em que existem oportunidades para voltar", diz.
 

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