Comprando mais, mas errado

27|04|2012

Em um passado não muito distante, um dos grandes problemas de qualquer projeto de tecnologia era a infraestrutura encontrada na maioria das micro e pequenas empresas: ausência de servidores, máquinas ultrapassadas, softwares piratas, redes mal configuradas, inexistência de segurança nas estações, etc.

São diversas as variáveis responsáveis pela existência desse cenário. Alto preço dos equipamentos, cultura avessa ao investimento em TI e mão de obra desqualificada, podem ser apontadas como as principais causas.

Com o tempo e, principalmente, graças aos incentivos fiscais, esta realidade foi mudando e as empresas passaram a investir em tecnologia. A área que mais se beneficiou foi a de equipamentos. Hoje em dia, não é raro encontrar empresas onde a totalidade de seus monitores sejam LCDs, com equipamentos novos e modernos.

Mas será que o problema foi resolvido? Em partes! Comprar equipamentos não é a única solução e pode nem sequer solucionar a deficiência na infraestrutura das empresas. Comprar não é uma tarefa simples. Comprar o mais caro ou o mais moderno não significa fazer a melhor compra.

Para fazer a compra correta, é necessário analisar as necessidades da empresa ou do projeto, ter conhecimento do budget, levantar as opções e aí sim decidir. Para ilustrar, vamos utilizar carros como exemplo: Ferrari é uma das marcas de carros mais prestigiada, mais moderna e mais cara do planeta. Escolher uma Ferrari sempre parece uma boa escolha. Porém, será que seria a melhor opção quando o trajeto para a qual será utilizada é uma trilha de terra, onde precisaremos atravessar córregos e pisos pedregosos? Acredito que não. Nesse caso, um veículo off-road talvez seja mais apropriado.

E esse passou a ser o cenário. Onde antes habitava a carência total de investimento em TI, hoje – em muitos casos – escolhas mal feitas ou inapropriadas de equipamentos são a realidade. São casos que vão desde super-servidores biprocessados, com peças redundantes para gerenciar redes com poucas estações e sem grandes aplicativos rodando, até desktops ou notebooks destinados ao uso doméstico sendo utilizados em escritórios.

Claro que o atual ambiente é melhor, pois já é o início, mas às vezes o que foi investido em um servidor superdimensionado e que será subutilizado, poderia ser mais bem aproveitado investindo em outros equipamentos. Da mesma forma, com um pouco mais do que é investido em um notebook doméstico é possível comprar um notebook de uso corporativo.

Então, qual é a fórmula? Como identificar qual é o equipamento correto para minha empresa?

Infelizmente, não é simples e estar assessorado por uma boa consultoria ou técnico (não aquele da lojinha de cartuchos de tinta da esquina ou o vizinho do condomínio) é necessário, pois além de indicar o equipamento adequado, ele poderá esclarecer sobre o licenciamento dos softwares obrigatórios oferecendo as melhores opções, além de orientar sobre outros aspectos, como escolha de aplicativos e softwares de segurança.

Investir em tecnologia é como investir em seguro. É o tipo de investimento que fazemos para ter tranquilidade e evitar surpresas e por mais que o tempo possa dar a impressão de ser um investimento desnecessário, é melhor fazer do que arcar com os custos de situações inesperadas.

Hoje, grande parte dos pequenos empreendedores não coloca em seu check-list, na hora de pensar em um novo negócio, os investimentos com tecnologia e isso deve ser mudado.

As empresas se conscientizarão com o tempo, que há outras áreas da TI para investir além dos equipamentos. Proteger e configurar adequadamente a rede é fundamental. Estar com os aplicativos de negócio adequados também é importante.

Por isso, acredito que o processo de mudanças deve ser contínuo e nós, profissionais da área de TI, temos um papel fundamental nisso, orientando e direcionando nossos clientes a fazerem as opções corretas para o seu negócio.

Marcelo A. Rezende é diretor Comercial da Promisys – empresa especializada em TI que oferece sistema de gestão, infraestrutura e serviços para pequenas e médias empresas.

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