Concorrência maior reduz custos de lojista com cartões

O setor de cartões manteve em 2010 a média de crescimento de 20% dos últimos anos. O fim da exclusividade entre bandeiras e credenciadoras em julho, no entanto, tornou o ano bem diferente.

Com a possibilidade de os cartões das principais bandeiras (Visa e MasterCard) passarem nas maquininhas das maiores credenciadoras (Cielo e Redecard), a disputa pelos lojistas aumentou.

A taxa média cobrada dos varejistas nas operações de cartão de crédito caiu em um ano de 1,46% para 1,33% na Redecard e de 1,50% para 1,46% na Cielo, segundo balanços do terceiro trimestre.

Já o aluguel médio da maquininha recuou de R$ 66,60 para R$ 63,24 na Redecard e de R$ 63,12 para R$ 59,49 na Cielo, entre o segundo trimestre de 2010 e o terceiro.

A expectativa da Alshop (Associação de Lojistas de Shopping) é que as taxas continuem caindo depois do Natal, quando mais varejistas devem optar por apenas uma credenciadora.

Segundo o diretor de relações institucionais da Alshop, Luís Ildefonso, muitos não optaram ainda por apenas uma credenciadora por medo de ficar dependentes de apenas um sistema.

Ele lembra que, no ano passado, a rede da Redecard sofreu uma pane e ficou parcialmente fora de operação na véspera do Natal.

"Alguns lojistas têm mais de uma máquina por precaução, mas o sistema está numa velocidade sensacional neste ano, e a avaliação é que, mesmo com uma só, não haveria problema."

As próprias empresas admitem que as taxas podem cair mais. Segundo o presidente da Cielo, Rômulo Dias, a concorrência deve continuar pressionando as margens de lucro líquido da companhia, que tiveram leve queda no terceiro trimestre.

O diretor de finanças da Redecard, Marcelo Kopel, afirma que a empresa continuará reduzindo preços: "Se o estabelecimento trouxer volume (mais transações), se beneficiará da redução".

AÇÕES

O novo cenário teve impacto nas credenciadoras. A Redecard, que registrou queda de receita no terceiro trimestre, sofreu mais. Suas ações caem 24% em 2010. As da Cielo recuam 7%.

Segundo o analista Daniel Malheiros, da Spinelli, como a Redecard tem mercado mais concentrado em grandes varejistas do que a Cielo, foi mais prejudicada.

"As grandes têm mais conhecimento das mudanças e, por transacionarem grandes volumes, têm mais poder para negociar taxas", afirmou.

Para o presidente da Abecs (associação do setor), Paulo Cafarelli, a concorrência vai se manter concentrada nas duas maiores credenciadoras, pois leva tempo para as novas ganharem espaço. Redecard e Cielo têm hoje quase 100% do mercado.

A GetNet, credenciadora que começou a operar neste ano, é a que tem mais condições de ganhar escala, devido à associação com um grande banco, o Santander.

Para Kopel, a tendência é que as novas credenciadoras atuem em nichos de negócios ou regionais. O Banrisul (Banco do Estado do Rio Grande do Sul) já anunciou planos para 2011, assim como o Citibank, que pretende atuar no setor de turismo.

 

 

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