Conheça a história de quatro startups que praticaram bootstrapping para crescer

No Brasil 30% das startups morrem por falta de acesso ao capital,  por isso encontrar alternativas para a necessidade de levantar investimento é fundamental para o desenvolvimento da tecnologia no país. Uma dessas práticas é o bootstrapping, maneira de se desenvolver de forma financeiramente autossustentável, sem receber aporte. Conheça aqui quatro histórias de empresas que conseguiram crescer mesmo sem investimentos.

ECONOMIZE ANTES – A Coblue é uma empresa é pioneira no desenvolvimento de software para gestão de OKR, método de gestão de resultados chaves para instituições. Desenvolver uma plataforma assim era inovador para o mercado brasileiro. Os dois sócios assumiram o risco e uniram suas economias para dar o aporte inicial a startup. Para a empresa prosperar a capacitação fez diferença. A CoBlue participou de uma iniciativa do Sebrae/SC, o Startup SC, que oferece mentorias e treinamento, ajudando a guiar os empreendedores para o sucesso. Em três anos de atuação a empresa já impactou mais de 30 mil pessoas, fatura mais de R$ 1 milhão e segue sem nenhum investimento externo.

ECONOMIZE DURANTE  – A OSTEC Business Security desenvolve soluções e produtos para segurança no meio digital. A empresa, fundada em 2005, teve o aporte inicial realizado pelos primeiros clientes. Os sócios firmaram uma série de contratos para prestação de serviço, que não totalizavam mais do que R$ 1.000,00 mensais. A ideia era prestar apoio para os primeiros clientes enquanto o produto era desenvolvido. Quando a solução foi finalizada, esses primeiros clientes tiveram acesso prioritário.

Para se manter com uma renda de mil reais mensais a empresa buscou o apoio de uma incubadora. Lá eles conseguiram usar um espaço físico para trabalhar, cortando custos durante o desenvolvimento. Os maiores custos envolviam a parte de impostos e contabilidade. O restante do pouco que sobrava era utilizado para despesas com viagens, participação em eventos e um pouco de reinvestimento. “Quando não se tem recurso disponível, o primeiro passo é escolher um negócio que não necessite de capital intensivo, como é boa parte dos negócios que envolvem essencialmente entrega de serviços e, portanto, capital intelectual dos sócios envolvidos. Segundo é definir muito bem quem serão os sócios, porque é importante que se tenha complementaridade neste grupo. O terceiro ponto é a qualidade da entrega. O próximo passo é pensar em escalar com o mínimo de recursos suficientes. Com o uso intensivo de tecnologia isso é se torna mais fácil: ser eficiente, escalável, com um time relativamente pequeno”, opina o CEO da OSTEC, Cassio Brodbeck.

COMECE VENDENDO – Quando a  Cheesecake Labs, empresa e desenvolvimento e design de aplicativos nasceu em 2013 nenhum dos sócios possuía uma grande reserva para começar a empreender. Nesse momento que as conexões deles fizeram diferença. Com experiência internacional, e uma rede de contatos, os quatro sócios utilizaram o seu know-how do mercado e contatos para crescer, conseguindo o aporte inicial da renda que recebiam pelos trabalhos feitos. Em toda sua trajetória, a Cheesecake nunca recebeu investimentos financeiros, hoje, a empresa conta com 50 colaboradores e uma carteira de clientes que abrange mais de 20 empresas, sendo mais de 70% de fora do país, cresceu seu faturamento em quase 100% no último ano e prevê um crescimento de 80% para 2018.

SE NÃO VENDER, PIVOTE – A Involves, desenvolvedora do software para gestão de trade marketing Agile Promoter, nasceu em 2008 com um investimento de R$ 600 reais + cadeiras e computadores de cada um dos seis sócios. Os seis cofundadores são amigos desde o período de universidade, principalmente por compartilharem o palco tocando rock nas festas universitárias da época. O mundo da música não se mostrou um mercado fácil para ganhar a vida, desta forma “pivotaram” para a área de tecnologia. No início, eles trabalhavam na casa dos pais de um dos sócios, dividiam um pró-labore como salário. Desenvolveram e testaram mais de 10 produtos, até chegar ao Agile Promoter.

O software é uma plataforma de gestão de trade marketing e merchandising em tempo real utilizada por empresas que atuam em segmentos como alimentos e bebidas, eletroeletrônicos, informática e cosméticos.Atualmente, tem clientes no Brasil e na América Latina e na carteira há grandes nomes como L’Oréal, Motorola e Red Bull. A empresa de Florianópolis (SC) conta com 307 clientes, e mais de 32 mil pessoas utilizando seu aplicativo. Em 2017, faturou R$ 18 milhões, representando um crescimento de 60% em relação ao ano anterior. Dez anos após sua fundação, a Involves segue sem ter recebido investimento externo.

E NÃO FIQUE SOZINHO – O Startup SC é uma iniciativa do Sebrae/SC, em parceria com a Secretaria de Estado do Desenvolvimento Econômico Sustentável (SDS), que oferece capacitação e mentorias para empreendedores iniciantes em tecnologia. Durante cinco meses as startups passam por uma série de atividades, cursos, workshops e consultorias, além de terem acesso a outros benefícios, como créditos para a plataforma da IBM e Google Cloud. A ideia da iniciativa é usar a experiência de empreendedores mais maduros para alavancar quem está começando.

O programa é totalmente gratuito e tem uma excelente taxa de sucesso: mais de 140 empresas já passaram pela capacitação, destas, cerca de 64% ainda estão ativas em um cenário nacional em que 74% das startups não sobrevivem aos primeiros cinco anos, de acordo com um levantamento da Startup Farm. “Muitos empreendedores acreditam que precisam de investimentos logo no começo, antes de construir uma solução mais madura ou estruturar seus processos. Fazer parte de um ecossistema, aprender e conquistar um mentor pode ser mais importante para o começo de uma startup do que o investimento financeiro em si”, diz Alexandre Souza, gestor do programa.

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