Cresce número de sebos virtuais no país

Aos 73 anos e hoje sócio de um tradicional sebo no Rio em que começou a trabalhar como faxineiro aos 13, José Germano da Silva resistiu o quanto pôde a digitalizar o acervo e vender pela internet.

"Não queria computador aqui dentro", diz o livreiro. "Tenho todo o arquivo na memória, 50 mil volumes. Mas minha filha me convenceu. A internet traz novos clientes."

São consumidores que querem comprar o livro usado, em busca de raridades e preços baixos, mas não têm tempo ou disposição para garimpar nos sebos.

A Livraria São José, de Germano, manteve a loja física mesmo depois de registrar 6.000 volumes para venda no portal Estante Virtual, que reúne 1.935 sebos no Brasil.

Mas muitos têm optado por fechar as portas e ficar só na web. Na Estante, que tem cerca de metade dos cadastrados operando somente na internet, 35 sebos migraram da venda física para a on-line neste ano. Em 2010, foram oito.

Ivanete Caires, 42, dona do sebo (agora virtual) Arquipélago, em São Paulo, fez esse caminho no ano passado. "Entre aluguel e despesas com a loja eram R$ 7.000 por mês. Com o baixo movimento, o custo ficava pesado."

Hoje, a livreira mantém, com R$ 800 mensais, uma sala comercial na zona oeste da capital para guardar o acervo de cerca de 15 mil volumes.

Mas as vendas são fechadas somente pela internet: 350 livros por mês, em média -a mesma quantidade comercializada nos bons tempos da loja no centro.

"O sebo físico faz um pouco de falta na hora de captar os livros, pois é um ponto de referência para pessoas que querem vender os exemplares. Mas para nós, que temos estoque, isso não é um problema por enquanto," diz.

"Acredito que as vendas via internet sejam a nova cultura de consumo", afirma.

O Sebo do Messias, no centro de São Paulo, um dos mais tradicionais da capital paulista, também abriu um portal para vendas via internet.

O site próprio, com 200 mil títulos cadastrados, não substituiu a loja física (com aproximadamente 300 mil títulos), mas aumentou as vendas totais do sebo em 30%.

Hoje, o comércio eletrônico representa 25% do faturamento -valor que não é revelado. Cerca de 70% das transações on-line são com clientes de fora de São Paulo.

"O site é complemento; ajuda a divulgar a loja", diz Cleber Aquino, gerente de e-commerce do Messias. "Sem a loja, o sebo perde a alma."
 

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