De olho nas oportunidades

Engenheiro elétrico por formação, o carioca Paulo Macedo começou sua carreira no segmento de escola de idiomas em meados da década de 1980, como professor da tradicional rede Brasas. Foi ali que conheceu e se apaixonou por Ana Frony, então sua aluna, e hoje esposa e sócia. Juntos criaram a Flash! Idiomas, empresa especializada no ensino de idiomas e prestação de serviços de tradução técnica, jurídica e juramentada. Há duas décadas no mercado, a companhia passou de um faturamento anual de menos de R$ 60 mil, em 1994, para mais de R$ 3,5 milhões no ano passado. Para 2012, as metas são ainda mais ambiciosas, com a expectativa de faturar pelo menos R$ 5 milhões.

No início, o trabalho como professor de inglês servia apenas para garantir uma renda extra durante os tempos em que Paulo cursava Engenharia Elétrica na Universidade Católica de Petrópolis (UCP). Mas quando chegou a hora de optar por uma das carreiras, a paixão pelo ensino de idiomas falou mais alto. Em 1985, com duas promissoras oportunidades de emprego na mão – sendo uma delas na Companhia Brasileira de Trens Urbanos (CBTU) e, a outra, no banco Itaú – Macedo não titubeou ao optar pelo ofício de professor. “Sempre gostei muito de estudar inglês e tenho certeza que foi esse o segredo do sucesso, pois se dedicar ao que se tem paixão é muito mais empolgante”, diz o empresário.

No mesmo ano em que ele e Ana se casaram, em 1991, surgiu a chance de comprar uma escola de idiomas em parceria com mais três amigos, todos professores de inglês no Brasas. “Era uma escola que já estava em funcionamento, chamada American Idiomas, localizada em duas salas alugadas num prédio comercial na Ilha do Governador”, detalha o empresário, que tinha 31 anos na época. Após mudar o nome para Flash! Idiomas e reformular toda a metodologia de ensino e a gestão do negócio, os sócios tiveram pela frente o desafio de ganhar a confiança dos quase 60 alunos herdados da antiga escola – o que não foi nada fácil, segundo o empreendedor. Um dos contratempos que surgiu referia-se ao aumento da mensalidade, ocasionando uma inevitável polêmica. “Com a reestruturação aumentaram os custos e precisamos subir o preço, até porque o valor praticado pelos ex-proprietários estava muito abaixo do mercado, comprometendo a qualidade do ensino e das instalações”, explica Macedo. Para agradar a todos, a saída foi oferecer um desconto generoso para os alunos que já estavam matriculados, de quase 90%. Ainda assim, menos da metade permaneceu na nova escola. “O pessoal debandou, sobraram pouco mais de 20 pessoas das 60 iniciais”, relembra o empresário.

Para completar, os planos de Macedo de continuar trabalhando paralelamente como professor do Brasas foram por água abaixo. Assim que a direção da rede descobriu que ele e a esposa haviam se tornado proprietários de uma escola de inglês – e, portanto, concorrentes – o casal foi sumariamente demitido. “Tínhamos acabado de nos casar e não estávamos preparados para isso, mas hoje vejo que foi a melhor coisa que nos aconteceu: se não tivéssemos sido demitidos e continuássemos tocando a empresa apenas nas horas vagas, provavelmente teríamos ido à falência em pouco tempo”, reflete o empresário, que também ministrava aulas de inglês na Cultura Inglesa, de onde também foi demitido no ano seguinte, em 1992.

Para atrair novos alunos, Macedo investiu pesado em publicidade, valendo-se da sua própria imagem e da dos sócios para promover a escola. “Como éramos professores dos melhores cursos do Rio de Janeiro, muita gente nos reconhecia pelas fotos ou pelo nome, o que foi fundamental para ganhar credibilidade nesse período em que éramos apenas um cursinho de bairro”, conta o empresário que, na companhia da esposa, assumiu a totalidade da empresa em 1997 após a saída dos sócios, que abriram outra escola de idiomas na Ilha do Fundão.

A fase “cursinho de bairro”, como costuma dizer Macedo, durou quase uma década. Até que, em 1999, o empreendedor – que se considera, acima de tudo, um “eterno professor de inglês” – obteve autorização para atuar como tradutor juramentado, o que alavancou de vez os negócios da empresa. “Foi um divisor de águas na minha carreira e nos rumos da Flash!, pois nos especializamos em prestar serviços de tradução juramentada para empresas de petróleo e gás, incluindo a Petrobras e diversas outras companhias.” Hoje a empresa conta com uma equipe de  12 tradutores juramentados, além de mais de 100 profissionais que atuam no regime de freelancer em projetos de tradução técnica.

Com a mudança da companhia para o Centro do Rio de Janeiro, em 2001, a Flash! Idiomas focou ainda mais no atendimento ao público corporativo – com ênfase nos cursos in company – e nos serviços de tradução técnica e juramentada, que atualmente correspondem a 80% da receita. Entre os cursos oferecidos estão o de Português para Estrangeiros, Inglês, Francês, Espanhol e Curso de Formação de Tradutores. Atualmente a escola soma 130 alunos.

Segundo Macedo, o diferencial da área de ensino está no atendimento exclusivo aos alunos, que podem montar seus horários da maneira mais conveniente possível, individualmente ou em grupo, e optar por aulas na sede da Flash! – que foi transferida em 2010 para um andar inteiro no Centro do Rio de Janeiro – ou então na própria empresa, por telefone e até mesmo em suas residências. “O material utilizado em nossos cursos é totalmente personalizado. Muitas pessoas nos procuram querendo treinamentos rápidos para uma prova, uma entrevista, viagem ou intercâmbio que vão fazer. Então, desenvolvemos um programa em cima daquela situação específica”, explica.

A empresa também mantém uma carteira com mais de 200 clientes, incluindo contratos para atender funcionários de grandes grupos como Statoil, Aalborg Industries, Modec, Vale, Stefanini, Fiocruz, Multirio, Petroclean, Hidroclean, Rolls Royce do Brasil, Odebrecht Óleo e Gás, Techint, Queiroz Galvão e Van Oord, sendo a maioria no setor de petróleo e gás. “Nossa primeira empresa parceira foi a antiga Telerj, hoje Oi. A partir daí, nosso curso foi ficando conhecido pelo boca a boca dos funcionários e não paramos mais de crescer”, orgulha-se Macedo.

Em 2011, a Flash! Idiomas venceu uma licitação do Ministério da Defesa e do Conselho Internacional de Esportes Militares (CISM) para realizar a tradução de todos os documentos, textos e releases do 5º CISM – Jogos Mundiais Militares. O evento, realizado no Rio de Janeiro entre os dias 16 e 24 de julho, contou com a presença de mais de 5 mil atletas militares de todo o mundo. “Foi o maior evento que já fizemos e foi determinante para o excelente resultado que tivemos no ano passado. Trabalhamos com 80 intérpretes em diversos idiomas, além do pessoal de apoio”, comemora Macedo.

A participação em grandes eventos, com destaque para a Copa do Mundo de 2014 e as Olimpíadas de 2016, é a grande aposta do empresário para manter o ritmo de crescimento que tem sido de quase 100% ao ano. “Estou muito otimista com o futuro, pois já comprovamos nossa capacidade em trabalhar neste tipo de evento e teremos muito a contribuir – e a lucrar – nessas ocasiões, que prometem movimentar o mercado carioca.”

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