Economia desacelera, segundo o BC, mas mercado ainda vê pressão sobre preços

Índice de Atividade Econômica do Banco Central subiu 0,32% em fevereiro; no acumulado de 12 meses, alta foi de 6,83%, ante 7,36% até janeiro

O Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-Br) desacelerou em fevereiro, subindo 0,32% ante janeiro, de acordo com dados divulgados nesta quarta-feira, 13, pela autoridade monetária. Em comparação com fevereiro de 2010, o IBC-Br subiu 3,77% na série com ajuste sazonal (que desconta os efeitos típicos de determinado período, como maior ou menor número de dias úteis).

O objetivo do IBC-Br é antecipar o número do Produto Interno Bruto (PIB), que é divulgado com maior defasagem pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

O resultado foi comemorado por fontes ligadas ao governo, como sinal que as medidas adotadas nos últimos meses contra a inflação estão fazendo efeito. Alguns economistas da iniciativa privada dizem, porém, que o resultado ainda é insuficiente para conter o consumo – que segue alto – e os preços.

Segundo os números do BC, o índice subiu 6,83% na média dos 12 meses encerrados em fevereiro, em comparação com a média dos 12 meses anteriores. Nesse dado, também é possível verificar que houve uma desaceleração, já que até janeiro a alta acumulada era de 7,37%. No trimestre encerrado em fevereiro, o IBC-Br registrou alta de 1,01% ante os três meses anteriores. Em termos anualizados, isso representa a alta de 4,1%.

Segundo uma fonte do governo, os dados do IBC-Br evidenciam que a atividade econômica está em moderação, com seu ritmo se alinhando ao que está sendo projetado pelo BC no ano – expansão de 4% para o PIB. A visão é que o nível de crescimento apresentado não é ruim, se comparado com a média dos últimos anos, e que os números mostram que a economia já responde às medidas de elevação de juros feitas no ano passado e parte das medidas macroprudenciais.

A fonte destacou que os dados ainda não captaram o impacto de algumas medidas recentes, como a elevação do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) para 6% em empréstimos externos de até dois anos e da elevação de 1,5% para 3% ao ano do IOF sobre operações de crédito no Brasil.

Também praticamente não trazem o impacto das elevações da taxa básica de juros feitas este ano, cujos efeitos maiores devem ocorrer a partir do segundo semestre.

A economia, diz a fonte, caminha para um ritmo que vai colocar a inflação no centro da meta (4,5%) até 2012, sem "destruir" a atividade econômica.

Já a economista-chefe da consultoria Rosenberg Associados, Thaís Zara, avaliou que o IBC-Br pouco mostra que a economia ainda está aquecida.

Segundo ela, um crescimento trimestral acima de 1% revela um ritmo ainda forte para uma economia que precisa desaquecer para reduzir pressões inflacionárias.

De acordo com Thaís, os dados desta quarta, somados ao efeito estatístico do crescimento do PIB no ano passado, apontam para uma expansão mais para 4,5% do que para algo abaixo de 4%, o que seria, na visão dela, necessária para conter os preços.

 

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