Economistas divergem sobre conseqüências do aumento dos juros

O aumento dos juros básicos, anunciado ontem (10) pelo Banco Central (BC), mesmo com crescimento da economia acima do esperado e indicações de redução da inflação no país, gera divergências entre analistas econômicos.

Para o economista, Roberto Padovani, do Banco WestLB do Brasil, ao elevar os juros o BC não estava combatendo a inflação de curto prazo, mas o risco futuro de alta dos preços. Isso porque a inflação no país é influenciada pelo preço das commodities, que se reduziu recentemente. “Mas ninguém sabe o que vai acontecer com as commodities”, disse Padovani.

O especialista analisa ainda que o BC quer impedir que a inflação cresça acima do potencial, o que também pode gerar inflação. Na opinião de Padovani, o fato de a decisão do BC não ter sido unânime, quanto ao nível de aumento dos juros, indica que nas duas próximas reuniões o ajuste para cima deve ser de meio ponto percentual e não mais de 0,75 ponto percentual.

O economista e professor da Universidade de Brasília (UnB) Dércio Munhoz, no entanto, argumenta que ao elevar a taxa básica de juros, o BC quer evitar que investidores estrangeiros que aplicam recursos em títulos públicos saiam do país. Isso porque a Selic remunera essa modalidade de investimento. “O Banco Central sobe a taxa Selic para manter o rendimento real para os investidores”. Esse tipo de aplicação é criticada por não ser caracterizada pelo interesse duradouro do investidor na economia.

Munhoz afirma que os impactos dos aumentos da Selic na economia neste ano vão levar o governo a pagar R$ 35 bilhões de juros da dívida, a aumentar os custos de produção e a reduzir o poder de compra dos salários. Na opinião de Munhoz, o fato positivo na economia são os aumentos recentes do dólar, o que pode levar a recuperação do poder competitivo de alguns setores e estimular as exportações. “O aumento das exportações pode anular os impactos das medidas do BC. Mas a gente não sabe se como será comportamento do dólar”, afirmou.

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