Edital facilita encadeamento tecnológico entre empresas

Recursos da ordem de R$ 53,6 milhões serão destinados pelo edital lançado por meio da parceria entre Sebrae, Sesi e Senai, para incentivar projetos inovadores, permitindo também o desenvolvimento de propostas por parte de pequenas empresas de base tecnológica, as startups, de modo a ajudar na solução de problemas observados nas médias e grandes empresas, revelar novas oportunidades de negócios e aumentar a produtividade na indústria brasileira. O objetivo da iniciativa, cujos termos foram detalhados durante encontro técnico realizado esta semana na sede do Sebrae, em Brasília (DF), é propiciar a inovação na cadeia de valor da indústria brasileira.

“O edital da inovação da indústria representa um marco no fomento da inovação dos pequenos negócios do Brasil, pois significa a conjugação de esforços do Sebrae, Senai e Sesi, buscando aí a convergência de ações com o objetivo comum de apoiar a inovação na pequena empresa”, explicou a diretora técnica do Sebrae, Heloisa Menezes. “Buscaremos uma atuação integrada, para oferecer um portfólio mais amplo de apoio aos pequenos negócios, pensando não somente na atuação do Sebrae e do Senai, mas de outros parceiros que temos em comum e são fundamentais para o desenvolvimento dos pequenos negócios no Brasil”, acrescentou.

A parceria prevê a superação, por parte das pequenas empresas, de desafios tecnológicos a serem lançados pelas médias e grandes empresas. “Acreditamos que o projeto de P&D&I de uma pequena empresa que já tenha foco no mercado, que já seja desenvolvido buscando atender a sinalização de uma média ou grande empresa, certamente terá mais condições de se desenvolver e trazer resultados financeiros com o edital. A inovação no pequeno negócio pressupõe resultado do projeto e resultado financeiro. Então, quando você tem uma média e grande empresa com uma demanda concreta, as possibilidades de sucesso são grandes”, acrescentou.

Para Antonio Marcon, gerente de P&D da Samsung do Brasil, o edital chegou  em um momento oportuno. Segundo ele, o país possui um estoque médio de aproximadamente 5 mil startups/ano – número ainda considerado baixo. E iniciativas como essa, a seu ver, contribuem para aumentar a massa crítica de startups que poderão contribuir para o desenvolvimento da indústria. “Sabemos que o Brasil passou por um processo grande de desindustrialização nos últimos anos e perdeu muita competitividade, principalmente para os países asiáticos. Então, esse tipo de ação contribui no sentido de recuperar um pouco dessa competitividade e criar valor para a indústria nacional”, afirmou. Para Marcon, de um lado o país possui os canais existentes, o mercado disponível, investimento e todo esse mundo que é proporcionado pela grande indústria. De outro lado, estão as startups, com grandes ideias, tecnologias novas, possibilidades e novos modelos de negócios. “Ter um catalizador no meio, que é esse programa, vai ajudar a fazer todo o encadeamento tecnológico acontecer”, avaliou.

Já Leonardo Garnica, gerente de Sistemas de Inovação da Natura, disse que vê como ponto principal, em relação ao edital, o fato de existirem muitos parceiros e empresas que são potenciais parceiros da Natura e, atualmente, não conseguem mostrar algo porque não têm capacidade de financiamento. “Não podemos financiar todas estas startups. Então, a iniciativa chega para preencher uma lacuna muito importante, uma vez que o cara tem uma proposta ou ideia de inovação, mas não consegue viabilizá-la por falta de investimento. A partir de agora, ele poderá mostrar sua ideia, dizer que pode ser de interesse de empresas de determinado setor e, assim, seguir em frente no sentido de conseguir entrar na média ou grande empresa e testar aquilo que quer apresentar e se desenvolver”.

O representante da Microsoft, Franklin Luzes, contou que a empresa em que atua vê o edital como uma excelente estratégia para o desenvolvimento das startups no Brasil. “Nós temos um fundo de capital de investimento multicorporativo, onde existem várias empresas participantes, como Microsoft, Monsanto e Votorantim, entre outras, e no qual já investimos nas startups com um capital que vai de R$ 400 mil a R$ 3 milhões. O edital Sebrae-Sesi-Senai complementará essa parte e propiciará mais  investimentos em inovação, em protótipos, no desenvolvimento de novos produtos e no aperfeiçoamento dos produtos para se internacionalizarem. É um complemento bem interessante para todos nós”, acentuou.

A principal novidade é a categoria C do edital, que permite que a grande empresa possa divulgar uma chamada específica cujo tema estimule startups a propor uma solução por meio de um projeto de inovação. Ou seja, as médias e grandes empresas – chamadas de instituições-âncoras no edital – podem apresentar problemas ou temáticas de seu interesse e avisar para que as startups desenvolvam projetos sobre os temas apresentados se inscrevam para o desenvolvimento destes projetos inovadores.

 

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