Empreendedora usa óleo de neem para inovar com sustentabilidade

Como conciliar uma carreira executiva estressante e competitiva com um novo propósito pessoal, sem abrir mão do talento empreendedor? Ou como criar um negócio com projeções de lucro capazes de atrair investidores, mas, ao mesmo tempo, beneficiar a comunidade e o meio ambiente? O atual mercado concorrido vem mostrando o grande desafio de como fundar uma empresa em plena crise econômica sem abrir mão de qualidade de vida e da felicidade?

A empreendedora Gabriela Lindemann considera que deu uma resposta as suas inquietações apostando em um projeto inovador, sustentável e economicamente promissor. A empresa Openeem, criada em parceria com um grupo de empreendedores para a produção de biodefensivos (produtos de controle biológico), cosméticos naturais e produtos para saúde animal e jardinagem a base de óleo de NEEM, é o novo desafio da executiva.

Graduada em Administração de Empresas e Economia, pela Universidade Americana em Paris (AUP), França, e certificada em Coaching pelo ICI, Gabriela trabalhou como executiva no agronegócio e em comércio exterior, além de, nos últimos dez anos, ter sido sócia-gerente da Fesa, uma das maiores empresas de executive search do Brasil. Seu trabalho era garimpar talentos. “Era uma rotina rica, mas extremamente estressante, com muitas viagens e metas ambiciosas”. Em determinado momento, começou a buscar um propósito que pudesse ser o combustível para uma segunda carreira. Assim surgiu a Openeem.

Sobre o NEEM

Nativo da Índia, foi declarado a “Árvore do Século XXI”, pela Organização das Nações Unidas, graças a seus benefícios ambientais e medicinais milenares. É uma das plantas mais pesquisadas pela ciência dos últimos 20 anos.

O mais importante princípio ativo extraído do NEEM, a Azadirachtina Indica, é a matéria-prima natural e atóxica com maior potencial para mercados relevantes e em crescimento, como agropecuária, a saúde e o bem-estar humano e animal. “Ele representa a integralidade da vida, pois é uma árvore generosa e holística, no sentido de que todas as suas partes podem ser aproveitadas em benefício da saúde humana, dos animais e do meio ambiente”, explica Gabriela.

Por sua complexidade, a Azadirachtina até hoje não foi sintetizada. O NEEM pode ser usado na agricultura orgânica e convencional. De importante efeito sinérgico, também pode ser inserido como estratégia no Manejo Integrado de Pragas (MIP) em rotação com outros defensivos, minimizando problemas de resistência de pragas e contaminação do solo e do meio ambiente. “É uma das mais completas substâncias, pois além de atuar no controle de pragas e doenças, sem afetar animais de sangue quente, mantém o meio ambiente equilibrado e aumenta o nível de nitrogênio.” Quando aplicado na semente ou sulco, contribui para a produtividade das plantas, proporcionando uma melhor fixação biológica de nitrogênio (FBN).

Hoje, de acordo com o Sindicato Nacional da Indústria de Produtos para Defesa Vegetal (Sindiveg), o mercado de defensivos químicos sintéticos no Brasil é de aproximadamente R$ 32 bilhões, o maior do mundo.

Dentro desse universo, os biodefensivos representam apenas 1,5%. No entanto, o mercado vislumbra a perspectiva de ampliar essa taxa para 15% ao ano, graças à crescente conscientização mundial em relação aos efeitos nocivos dos defensivos químicos sintéticos.

O estudo “Agrow, Commodities Analyses 2013 – Informa UK” revelou que os biodefensivos podem representar de 10% a 20% do mercado total de defensivos no Brasil até 2020. Segundo previsões da Research and Markets, o mercado mundial de biopesticidas deve atingir US$ 3,8 bilhões em 2022.

Em favorecimento ao mercado doméstico, toda a matéria-prima dos produtos Openeem é proveniente de uma floresta do Norte do Brasil, localizada em São João de Pirabas, no estado do Pará. A fazenda foi criada pelo advogado Sérgio Lindemann, pai de Gabriela, e hoje abriga mais de 160 mil árvores em cerca de 50 hectares. “Os poucos produtos de controle biológico de pragas produzidos hoje no Brasil utilizam matéria-prima importada. Como utilizaremos NEEM brasileiro, os preços de nossos produtos ficarão protegidos das variações cambiais”, conta a empreendedora.

Para colocar o projeto de pé, Gabriela contou com a parceria de um grupo de profissionais extremamente qualificados, que toparam trabalhar inicialmente no risco, apostando no futuro promissor do projeto. Todos, assim como ela, são profissionais que alcançaram o topo de suas carreiras e, em determinado momento, começaram a buscar uma forma de trabalhar movidos por um propósito maior.

Entre os fundadores da Openeem estão Maurício Campos, executivo de marketing com uma carreira em multinacionais, incluindo a startup da Red Bull no Brasil; Vicente Gomes, profissional que atua há 25 anos em transformação organizacional e gestão de pessoas e cofundador do Instituto Capitalismo Consciente no Brasil; e Pedro Capeletti, publicitário com passagens por algumas das maiores agências brasileiras e um dos executivos da propaganda mais premiados do país, com 26 leões no Festival de Cannes. “Minha experiência como headhunter me deixou como herança não apenas a capacidade de reconhecer talentos e gerir pessoas, mas um networking incrível e muitos amigos”, ressalta Gabriela.

Ainda em 2016, a Openeem começará a comercializar seus produtos sustentáveis para a agricultura. A partir do ano que vem, inicia o lançamento das linhas de cosméticos, incluindo repelentes à base de NEEM, saúde animal e jardinagem. “Nosso objetivo é trazer ao mercado uma referência em produtos nesta base, mas o mais importante é a cultura e a forma de fazer negócios, que são pautadas na relação de benefício compartilhado e com significado para todos os seus stakeholders.”

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