Empresas de serviços são a bola da vez, mas falta marco regulatório

Mais de 40% dos empregos formais no Brasil já são gerados por empresas de serviços; expansão do setor é tendência mundial

O setor de serviços assumiu importância capital para o desenvolvimento econômico brasileiro. Nos últimos anos, em decorrência do bom momento do mercado interno, as empresas e empreendimentos de serviços tiveram crescimento acentuado e passaram a liderar a geração de empregos formais no País, desbancando a indústria. De acordo com dados do Ministério do Trabalho, dos 247 mil novos empregos com carteira assinada criados em setembro passado, 94 mil (40%) eram do setor de serviços.

“O setor é fundamental para o desenvolvimento brasileiro porque é grande gerador de ocupação e renda. Nas últimas crises mundiais, manteve a economia nacional e mundial funcionando”, afirma Ricardo Guedes, gerente da Unidade de Atendimento Coletivo Comércio e Serviços (Uacs) do Sebrae.

“A especialização do trabalho é tendência mundial e, agora, está mostrando toda a sua força e potencial para gerar mais riqueza, empregos e impostos no Brasil”, afirma Vander Morales, membro do Conselho Deliberativo da Central Brasileira do Setor de Serviços (Cebrasse). “O setor tem tudo para crescer ainda mais”, acrescenta Vander, que é também presidente do Sindicato das Empresas de Serviços Terceirizáveis e de Trabalho Temporário (Sindesprestem).

Arrecadação

Outros indicadores refletem o crescimento acentuado dos serviços. Segundo o jornal Valor Econômico (edição de 25/10/10), entre janeiro e agosto deste ano dez das catorze maiores capitais brasileiras viram a arrecadação tributária aumentar mais do que o caixa dos respectivos governos estaduais. A receita do Município de São Paulo, por exemplo, aumentou 27,3%, enquanto a arrecadação do governo do estado cresceu 20,9%, em comparação ao mesmo período de 2008. O principal tributo arrecadado pelas prefeituras é o Imposto Sobre Serviços (ISS).

“Esse dado reflete a realidade do nosso setor. As empresas de serviços vão predominar nas capitais, enquanto o setor industrial está indo para o interior e cidades médias. Essa tendência já começa a se refletir na arrecadação”, analisa Vander.

Apoio

O Sebrae apoia o setor há muitos anos por intermédio de suas unidades nos estados e no Distrito Federal. Em 2007, implantou a carteira nacional de projetos da cadeia produtiva de serviços, quando foi realizada a primeira chamada pública de projetos, com recursos superiores a R$ 25 milhões. Quarenta e quatro deles foram aprovados e estão sendo desenvolvidos em praticamente todas as unidades da Federação.

No próximo triênio (2011-2013), a instituição vai investir R$ 148 milhões em projetos destinados a apoiar o desenvolvimento das MPE do setor. “Nosso objetivo será impulsionar especialmente a área de serviços voltados a pessoas jurídicas, tais como logística, processos, manutenção, tecnologia da informação, consultorias, entre outros”, informa Guedes.

Marco regulatório

Na avaliação dos dirigentes empresariais, a falta de um marco regulatório, é um obstáculo ao crescimento do setor. “Estamos esperançosos de que o novo governo aprove uma Política Nacional para o Setor de Serviços”, afirma Vander Morales.

De acordo com o dirigente, a falta de crédito e financiamentos para as empresas de serviços é um problema decorrente da falta de regulamentação e definições das atividades do ramo. “O BNDES, por exemplo, só financia a indústria”, explica Vander. “É fundamental financiar os serviços para o seu desenvolvimento e consolidação”, enfatiza. De todo jeito, com crédito ou sem crédito, os serviços vão continuar crescendo, diz ele. “Só vai retardar um pouco mais o crescimento, especialmente nas grandes cidades”, argumenta.

Otimismo

A Cebrasse realizou pesquisa para avaliar o desempenho das empresas em todo o País no primeiro semestre, seus maiores problemas e expectativas para o fechamento de 2010. De acordo com o levantamento, 72% dos empreendedores se disseram confiantes no crescimento das atividades e 18% se afirmaram totalmente confiantes.

Em relação ao primeiro semestre, 74% dos entrevistados informaram ter tido aumento no faturamento na comparação com o mesmo período de 2009, sendo que para aproximadamente 28% a elevação foi de 10% ou mais. Nessa faixa superior, tiveram destaque segmentos como prestadores de serviços de telemarketing e call center, administração de restaurantes e vigilância e segurança.

Vinte e um por cento não apontaram faturamento maior nos primeiros seis meses de 2010, sendo que 13% dos entrevistados disseram que faturaram menos do que em 2009 e 8%, registraram os mesmos índices.

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