Empresas juniores são ambiente ideal para o desenvolvimento de técnicas de gestão e liderança

Empresas juniores são ambiente ideal para o desenvolvimento de técnicas de gestão, espírito de liderança e empreendedorismo

O Brasil é atualmente uma das nações com maior número de empresas juniores (EJ) do mundo. No total, existem aproximadamente 1,2 mil instituições do tipo, espalhadas em todos os estados do País, segundo dados da Confederação Brasileira de Empresas Juniores – Brasil Júnior. Considerada um local de aprendizagem, a empresa júnior é também um ambiente propício para o desenvolvimento da liderança e empreendedorismo. Não por acaso, muitos empresários que hoje se destacam pelo lançamento de ideias e conceitos inovadores têm em comum a passagem por empresas juniores.

Segundo Carlos Nepomuceno, presidente da Brasil Junior, isso acontece devido às maiores chances de crescimento e autonomia dentro destas organizações. “A experiência de gestão é um diferencial muito grande, pois não é algo que você vai conseguir rápido no mercado. A empresa júnior oferece um escopo muito amplo e a oportunidade de ter cargos e responsabilidades sobre projetos muito grandes, que normalmente não se teria tão cedo”, diz.

Foi o que aconteceu com Ana Astí, que durante a faculdade de Administração de Empresas no Ibmec/RJ trabalhou numa empresa júnior, chegando ao cargo de gerente de projetos. Hoje, aos 32 anos, ela é proprietária da empresa Parceria Social – que presta consultoria na área de comércio justo – e diretora da World Fair Trade Organization (WFTO) na América Latina. Segundo a empresária, o desejo de ter o próprio negócio já existia antes da faculdade, mas foi consolidado com a experiência. “Atuar numa empresa júnior faz toda a diferença para a formação do perfil empreendedor, já que inclui muito mais responsabilidades e comprometimento do que um estágio”, reflete.

Além do espírito empreendedor, a participação em uma empresa júnior fez com que Ana desenvolvesse também o gosto pela inovação, o que a fez investir numa área até então inexplorada no Brasil. Oficialmente fundada em 2008, a Parceria Social é a primeira empresa brasileira de consultoria que atua na consolidação do comércio justo e solidário no País. Incubada no Instituto Genesis, na PUC-Rio, a organização oferece apoio à certificação, implementação de projetos de cadeias produtivas, cursos e capacitações, design gráfico e organização de eventos na área. Alguns dos projetos desenvolvidos incluem a criação e aplicação da metodologia de diagnóstico e plano de negócios em comércio justo para o Sebrae, a formatação da fábrica de comércio justo de produção de óleo de andiroba da Cooperativa da Ilha de Marajó (Coopemaflima) para a Fundação L’Occitane e a certificação em organização de comércio justo da rede de franquias MegaMatte, com foco na cadeia produtiva da erva-mate orgânica.

De acordo com Nepomuceno, as empresas juniores estimulam ainda o trabalho em equipe e o cumprimento de prazos e metas, priorizando valores como ética, profissionalismo e inovação. “O espírito empreendedor é desenvolvido de uma forma que, independente do caminho que esses universitários sigam posteriormente, eles levarão um apoio diferenciado e inovador ao mercado.” Segundo Ana, o empresário júnior sabe que não basta a força interna que ele carrega para vencer os desafios, é preciso também de planejamento e ferramentas concretas de gestão e captação de recursos.

Os empresários pós-juniores tendem a trazer a cultura do movimento para dentro de seus negócios, segundo Nepomuceno, já que aprendem a trabalhar em busca dos resultados e da excelência no que fazem. “O estudante fica mais habilitado a enfrentar desafios e tem maiores chances de se tornar bem-sucedido, com capacidade de aplicar os conhecimentos aprendidos em qualquer área de atuação”, explica.

 

É o caso do empresário Samuel Pinheiro, que busca aplicar em seu negócio todos os princípios de organização e planejamento que aprendeu nos tempos em que cursava Economia na Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ). “Atuei numa empresa júnior no setor administrativo-financeiro durante um semestre e meio e, neste período, compreendi a importância de manter os processos funcionando, porém com custos baixos, e tento aplicar essa estratégia hoje na minha empresa”, diz ele, que é fundador da Petrocenter, rede de escolas de qualificação profissional especializada nas áreas de petróleo e gás.

Quando abriu a empresa, Pinheiro tinha apenas 22 anos e já havia inaugurado anteriormente uma franquia de idiomas. Decidido a crescer ainda mais, ele resolveu investir num nicho em crescente expansão por conta da descoberta das bacias de petróleo no País e das pesquisas referentes ao pré-sal, que demandam cada vez mais mão de obra qualificada. “Sem dúvida, a minha experiência na empresa júnior me aproximou do mercado logo cedo e facilitou o desenvolvimento de minhas habilidades para gerir um novo empreendimento”, avalia.

Hoje, aos 25 anos, Pinheiro comemora os bons resultados da Petrocenter, que atualmente conta com quatro unidades em funcionamento e três em fase de implantação através do sistema de franquias. “Trabalhar numa empresa júnior me ajudou no que diz respeito à organização. Essa característica fez toda a diferença para que entrássemos no mercado de franchising e foi determinante para facilitar a padronização dos processos que temos atualmente”, afirma. Até o final do ano que vem, o empresário planeja ter 50 franquias em operação em todo o Brasil, sobretudo nas áreas com maior desenvolvimento da indústria petrolífera, como Rio de Janeiro, Alagoas, Bahia, Ceará, Paraíba e Rio Grande do Norte.

Conceito

Segundo o Conceito Nacional de Empresa Júnior estabelecido pela Brasil Júnior, “empresa júnior é uma associação civil, sem fins econômicos, constituída e gerida exclusivamente por alunos de graduação de estabelecimentos de ensino superior, que presta serviços e desenvolve projetos para empresas, entidades e sociedade em geral, nas suas áreas de atuação, sob a orientação de professores e profissionais especializados”.

Na prática, trata-se de uma empresa que presta consultoria empresarial e que deve proporcionar aos estudantes a aplicação prática de conhecimentos teóricos, além de desenvolver habilidades críticas, analíticas e empreendedoras. Por ser uma instituição sem fins lucrativos, a empresa júnior não pode captar recursos financeiros e nem realizar aplicações com fins de acúmulo de capital. “Todo o lucro obtido pela EJ não pode ser distribuído, mas sim reinvestido em treinamento, equipamentos e melhorias internas”, esclarece Carlos Nepomuceno.

No Brasil e no mundo

– O conceito de empresa júnior surgiu na França, em 1967, na Essec – L’Ecole Supérieure des Sciences Economiques et Commerciales de Paris;
– No Brasil, a primeira EJ foi fundada em São Paulo no final da década de 1980;
– São 1,2 mil empresas juniores no País hoje, distribuídas por todos os estados brasileiros;
– Destas, 166 são afiliadas à Confederação Brasileira de Empresas Juniores – Brasil Júnior;
– Em 2010, o PIB Júnior foi de R$ 8 milhões, considerando-se apenas as instituições ligadas à Brasil Júnior;
– A maioria está concentrada nas regiões Sul e Sudeste, especialmente nos estados de São Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro;
– 50% das EJs são da área de Humanas, sobretudo Administração de Empresas, Economia e Contabilidade;
– Aproximadamente 30% são da área de Exatas, ligadas principalmente às diversas áreas de Engenharia;
– Menos de 10% são da área de Biológicas, sobretudo Nutrição;
– 10% correspondem a EJs multidisciplinares, comuns principalmente em instituições privadas;
– 85% das EJs estão vinculadas a universidades públicas federais ou estaduais.

Contatos:

Brasil Júnior: www.brasiljunior.org.br
Parceria Social: www.parceriasocial.com.br
Petrocenter: www.petrocenterbrasil.com.br

 

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