Especialistas discutem mudanças para acelerar o processo de produção limpa

A avaliação do ciclo de vida de um produto leva em conta fatores como a retirada da matéria-prima, processo de fabricação, transporte e consumo. O entendimento desta cadeia, incluindo o destino final, desfecho ou reaproveitamento, pode determinar o custo ambiental de um produto. "Antes era do berço ao túmulo e hoje tem que ser do berço ao renascimento", resumiu o presidente do Conselho Empresarial de Meio Ambiente da Associação Comercial do Rio de Janeiro (ACRJ) e do Instituto Brasil PNUMA, Haroldo Mattos de Lemos.

No seminário ‘Ciclo de Vida dos Produtos e Rotulagem Ambiental’, realizado na sede da ACRJ, na última sexta-feira (11), em parceria com o Sebrae/RJ e PNUMA, especialistas discutiram as vantagens de integração da avaliação do ciclo de vida dos produtos nos processos de gestão das micro e pequenas empresas, independente do setor produtivo em que atuam.

"A realização de um debate como este já é um sinal claro de que isso está entrando na pauta empresarial. Estamos trabalhando há algum tempo para mostrar que a racionalização do processo e o desenvolvimento de produtos sob a ótica da ecoeficiência representam ganhos. A redução do desperdício mexe no capital do empresário e, quando ele vê isso, não é preciso se ater apenas à ideologia ambientalista", avaliou o gerente de Inovação e Tecnologia do Sebrae Nacional, Paulo Alvim.

A produção mais limpa começa a ser um fator chave de competitividade. A inovação pelo desenvolvimento sustentável se diferencia no mercado. Como exemplo concreto de oportunidades do mercado ambiental, Paulo Alvim citou os produtos orgânicos, que crescem a uma taxa entre 30% e 40%, e as biojóias, que aproveitam os resíduos da floresta.

"A lógica da produção e do consumo sustentável é uma grande oportunidade para as micro e pequenas empresas, sobretudo, em um país como o nosso. Mas é preciso trabalhar para criar um regime diferenciado de crédito e tributação porque hoje o reciclado paga imposto duas vezes: na origem e quando volta ao mercado como um novo produto", alertou.

Um dos pontos altos do seminário foi o lançamento do guia de negócios ‘Gestão do Ciclo de Vida dos produtos e Rotulagem Ambiental para as Micro e Pequenas Empresas’, publicação elaborada pelo Sebrae e pelo Instituto Brasil PNUMA, que trata da aplicação dos conceitos e práticas para gestão do ciclo de vida, resultando em melhorias ambientais e vantagens econômicas.

"A abordagem é simples e objetiva para mostrar como transformar isso em realidade. A idéia é contribuir para criar uma nova mentalidade para que o empresário perceba que a produção limpa é um ótimo negócio. A idéia é que haja um envolvimento em toda a cadeia: do fornecedor ao transporte, fabricação, uso, embalagem e disposição final. Não há outra saída além da mudança de processo", reforçou o representante do Instituto PNUMA, Ricardo Luiz Peixoto de Barros.

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