20% dos executivos aceitariam cargos e salários menores para voltar ao mercado de trabalho

Homem falando ao celular a beira da janela, representando um executivo brasileiro

Cenário político ainda conturbado e economia incerta são a realidade no Brasil atualmente. De acordo com dados da Pnad Contínua, divulgados em meados do mês de setembro, o desemprego ficou em 12,6% em agosto e atinge mais de 13 milhões de brasileiros. Isso significa que houve uma queda de 4,8% no número de desempregados em relação ao trimestre encerrado em maio, o que é um sinal de esperança de uma possível retomada. No entanto, ainda é cedo para previsões otimistas.

Diante dessas mudanças e para entender melhor o que passa pela cabeça dos executivos brasileiros neste momento, a Thomas Case & Associados, uma das maiores consultorias de gestão de pessoas e de carreiras do país, com 40 anos de atuação, promoveu uma pesquisa intitulada “O que os executivos desejam para suas carreiras atualmente”.

A primeira versão da pesquisa foi realizada em fevereiro de 2015 com o tema “Os executivos estão de malas prontas?”. Neste segundo estudo, realizado entre setembro e outubro de 2017, o objetivo era entender como os profissionais responsáveis pela tomada de decisão nas empresas estão encarando o momento. O levantamento contou com a participação de 100 executivos brasileiros que ocupam, atualmente, cargos de nível gerencial para cima.

Quando realizada a primeira pesquisa, em 2015, chamou a atenção o fato de 51% dos executivos entrevistados pensarem em buscar uma colocação em empresas no exterior. Agora, no entanto, apenas 38% pensam dessa maneira. Ou seja, 62% dos profissionais querem permanecer no Brasil – 32% dos executivos preferem manter-se na mesma cidade em que residem e trabalham atualmente, 16% aceitariam uma oportunidade em qualquer município dentro do mesmo estado e 15% topariam se mudar para qualquer estado da federação. “Essa é uma mudança de comportamento importante”, avalia Norberto Chadad, CEO da Thomas Case & Associados.

Entre os executivos que preferem partir para o exterior (38% pela pesquisa atual), 68% só o fariam se salários e benefícios fossem superiores aos atuais (frente aos 90% que assim sinalizaram em 2015) e 56% aceitariam uma oportunidade se cargo e função fossem melhores na comparação com a última vaga ocupada no Brasil.

Aliás, se pudessem escolher, 16% iriam para países da América do Norte, 15% para a Europa, 5% selecionariam países da América do Sul e 2% para a Ásia. Um dado específico evidenciado: 32% dos executivos aceitariam ganhar menos para trabalhar no exterior e 44% dos entrevistados aceitariam trabalhar no exterior com cargos e funções iguais ou menores do que os ocupados atualmente ou no último emprego. Vale ressaltar que 75% dos que se manifestaram favoráveis a uma vaga no exterior, consideram-se preparados para oportunidades de nível gerencial para cima. Na pesquisa de 2015, eram 56% que se julgavam aptos.

Entre os profissionais que estavam dispostos a ir para o exterior em 2015, 60% trabalhariam em outros países por gostar de desafios e pela possibilidade de viver em meio a outra cultura. Hoje, são 36% que usam esse argumento. Naquela época, 24% iriam porque acreditavam que as oportunidades no exterior são melhores do que as que temos por aqui. Agora essa é a premissa para 16% dos profissionais.

Uma informação pertinente é o fato de ter dobrado o número de executivos que não acreditam mais no potencial das empresas, sejam nacionais ou multinacionais, que estão no Brasil, hoje, esse percentual é de 11%, ante 5% anotados no primeiro levantamento. Do mesmo modo, 9% entendem que a crise acabou com as possíveis oportunidades de mercado que existiam para eles próprios e 8% não acreditam em retomada da economia do país em período próximo. 17% afirmaram não aceitar mudar-se para o exterior.

Voltando aos executivos que preferem permanecer no país, em 2015, 60% dos entrevistados responderam que se precisassem buscar recolocação profissional, procurariam cargos mais altos, independentemente do segmento da empresa. Agora, 51% dos executivos pensam dessa maneira – apesar da leve queda, o comportamento contraria expectativas uma vez que muitas empresas ainda seguem com a política de redução da folha de pagamento -, 29% entendem que uma vaga com mesmo cargo e função seria interessante. Destaca-se também o fato de 20% dos entrevistados aceitarem fazer downgrade, ou seja, topariam cargos e funções abaixo do último ocupado a fim de conseguir retornar ao mercado de trabalho.

Em tempo, 76% dos executivos que responderam à pesquisa estão empregados atualmente.

Para Norberto Chadad, CEO da Thomas Case & Associados, a comparação entre os dados obtidos nos dois estudos revela aspectos interessantes. “O primeiro ponto relevante é a queda no número de executivos que aceitariam vagas no exterior. Procuramos entender a motivação para essa mudança de percepção: talvez a esperança de retomada ou a situação econômica familiar, que não permitiria uma mudança do tipo neste momento.

Outro ponto expressivo é que mesmo diante da crise enfrentada pelo país e das ondas de demissão que afetaram milhares de pessoas, inclusive executivos, são poucos os profissionais de alto escalão que entenderam que seria interessante – ou uma estratégia – fazer um downgrade para só depois voltar a conquistar cargos e salários que existiam em um passado não muito distante”, analisa.

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