Experiência em ambientes diferentes contribui para desenvolvimento profissional

Vivência de novas experiências em ambientes diferentes do corporativo contribui para o desenvolvimento pessoal e profissional

Quando é preciso motivar os funcionários, fazer com que eles empreendam ou inovem, nem sempre o treinamento feito dentro do escritório ou mesmo em salas de reuniões alcança os resultados esperados. Às vezes, é preciso sair do ambiente de trabalho e vivenciar novas experiências para que a equipe se sinta desafiada e perceba melhor seus pontos fortes e fracos. Em uma caminhada, regata ou em um passeio de canoa é possível promover experiências que capacitem os funcionários a serem mais criativos, a trabalharem em grupo e a lidarem melhor com os desafios do dia a dia. Mais do que práticas esportivas, essas atividades podem ser utilizadas em trabalhos de educação corporativa como parte de um processo de treinamento ao ar livre conhecido como outdoor training.

A proposta desse modelo de treinamento é unir os conceitos teóricos de gestão, empreendedorismo e inovação a atividades esportivas que exijam que o grupo se planeje, tome decisões rápidas e trabalhe em equipe. Diferente dos cursos de capacitação tradicionais, que são realizados dentro de uma sala de aula, nesse modelo de treinamento é importante que as atividades sejam feitas ao ar livre e que o funcionário tenha um intenso contato com a natureza para que possa durante o treinamento também relaxar e se divertir.

Eduardo de Souza, diretor da Outbox Treinamento, empresa especializada em outdoor training, explica que diversas modalidades esportivas podem ser utilizadas nesse modelo de treinamento – o importante é que a empresa avalie se determinada atividade trará os resultados esperados e se de fato motivará a equipe. “Quando uma empresa nos contrata, fazemos uma avaliação das necessidades dela e indicamos dentre 87 atividades esportivas aquela que melhor se encaixa no perfil da organização e dos funcionários. Podemos organizar um jogo de paint ball, caminhadas, regatas ou até mesmo um passeio em uma caminhonete 4×4 na Patagônia. O importante é que ao fim de cada atividade a equipe consiga refletir sobre sua performance e tire lições que a auxilie no dia a dia de trabalho”, afirma Souza.

A Outbox Treinamento desenvolveu uma metodologia própria para as capacitações de outdoor training. Uma equipe multidisciplinar criou cinco programas de Atividades Corporativas ao Ar Livre (Acal). Uma delas é o Acal Top Management, que tem como proposta fortalecer o espírito de equipe em setores considerados estratégicos das organizações. É um curso voltado para funcionários que ocupam cargos de gerência, diretoria e presidência das empresas. Nesse programa, um consultor acompanha todo o trabalho, faz desde o levantamento da necessidade do treinamento, ajuda a escolher a atividade e após a realização da prova faz a mensuração dos resultados e propõe ações para a empresa.

Além do Top Management, há os programas Acal Coaching, Ludis, Management e Nature. Os custos dos treinamentos oferecidos pela Outbox variam de R$ 70 a R$ 7 mil por pessoa, e o valor depende do programa escolhido e da atividade esportiva que será realizada com os funcionários. Entre os clientes da Outbox estão grandes empresas como os Correios, Caixa Econômica Federal, C&A e Ultragaz. “A procura por treinamentos ao ar livre tem crescido a cada ano. Muitos setores de marketing das empresas têm procurado essa ferramenta para capacitar os funcionários. Diferente dos cursos indoor, em que é fácil o colaborador se distrair, no outdoor training ele vivencia os fatos e isso traz resultados mais duradouros para a organização. É uma experiência que o funcionário jamais esquecerá.”

Em novembro do ano passado, a Out­box foi contratada pela British American Tobacco, empresa multinacional detentora de mais de 50 fábricas de cigarro no mundo, para organizar um treinamento ao ar livre com os funcionários do centro de inovação da empresa. A organização queria melhorar o trabalho em equipe, estimular a criatividade e a inovação entre os 10 colaboradores do departamento. “Nós não contamos antecipadamente para os funcionários qual seria a atividade. Foi uma surpresa para eles descobrir que fariam um passeio de canoa havaiana na Lagoa da Conceição, em Florianópolis”, conta o empresário.

Souza conta que mais surpresos ainda os funcionários ficaram quando perceberam que eles mesmos comandariam a embarcação e teriam que remar 12 quilômetros para chegar ao objetivo da prova e outros 12 quilômetros para voltar para a costa. “Muitos nunca tinham visto uma canoa havaiana, outros nunca tinham entrado em uma. Mas era essa a proposta: lidar com o novo em equipe. Para realizar a atividade eles precisavam se organizar, planejar e trabalhar juntos para chegar ao ponto final.”

Foram mais de quatro horas de prova em um percurso que foi todo monitorado e acompanhado de perto por técnicos de segurança da Outbox. “O grupo que precisava ser treinado era formado por executivos de diversas nacionalidades. Entre as dez pessoas da equipe, havia brasileiros, mexicanos, australianos e argentinos. A gente precisava encontrar uma linguagem que fosse acessível a todos eles, e a canoa havaiana foi uma boa opção. Nós sabemos que o retorno dessa atividade se dá principalmente a longo prazo, mas já percebemos que essa equipe está mais unida e mais aberta a discussões em grupo”, observa João Paulo Gava, gerente do centro de inovação do fumo da British American Tobacco.

Resultados

Quando se compara os resultados do outdoor training com os de treinamentos indoor é possível perceber como a vivência de novas experiências contribui para o desenvolvimento profissional dos funcionários e das empresas. Helena Ribeiro, consultora da Razão Humana, empresa especializada em treinamentos empresariais e outdoor training, explica que nesse modelo de capacitação há um maior envolvimento dos colaboradores e isso traz grandes resultados. “Ao vivenciar situações, o indivíduo é capaz de experimentar de antemão as sensações que novos comportamentos lhe trazem, podendo transformar a si e as pessoas que o cercam”, afirma Helena.

Apesar das vantagens desse modelo, a consultora observa que nem todo método de capacitação pode ser somente vivencial. Ela considera que essas atividades práticas precisam vir acompanhadas de um intenso trabalho teórico. “Não sugerimos treinamentos ao ar livre sem uma parte conceitual introdutória para que os participantes saibam por que estão realizando aquele treinamento e quais são os objetivos daquela atividade.”

A consultora também faz um alerta. Antes de optar por uma atividade de out­door training, a empresa deve procurar técnicos especializados no assunto. “Só um consultor em treinamento ao ar livre terá know-how para avaliar o melhor programa a ser aplicado tendo como base o perfil da equipe, as competências, os objetivos do treinamento e os resultados esperados.”

A Razão Humana oferece diversas atividades de outdoor training que vão desde a organização de rafting e trekking até a realização de regata oceânica com executivos. Entre os programas mais procurados está o “Você, a Águia e a Natureza”, que foi desenvolvido pela consultora Helena Ribeiro. O treinamento tem diversos módulos vivenciais e é indicado para diretores, líderes de vendas e equipes operacionais. “Este programa aborda a importância do profissional ser competitivo, e para isso organizamos uma série de atividades para potencializar a atitude, o conhecimento, a habilidade e o entusiasmo dele.”

Facebook
Twitter
LinkedIn