Falta de terrenos atrasa expansão de supermercados

A falta de terrenos e de mão de obra atrasou os planos de expansão dos supermercados nas grandes cidades do País. Essas dificuldades deixaram o setor numa situação inusitada. Hoje as redes varejistas têm dinheiro para fazer investimentos, o mercado de consumo está aquecido, mas os projetos de crescimento não podem ser plenamente executados pela escassez de fatores de produção.

"Este será mais um ano de frustração", diz o presidente da Coop Cooperativa de Consumo, Antonio José Monte. "Está difícil crescer", afirma. A rede, que tem 29 lojas de supermercados no ABC paulista, em São José dos Campos, Sorocaba, Piracicaba, Tatuí e São Vicente, enfrenta problemas para executar o plano de investimentos. Em 2010, faturou R$ 1,522 bilhão, com expansão real de vendas 9% – ante os 7% reais da média do setor.

No ano passado, por exemplo, a empresa queria abrir cinco lojas, mas conseguiu inaugurar só duas. Para 2011, o plano é novamente abrir cinco lojas. Pelo desenrolar de negociações, está assegurada, no entanto, a abertura de apenas uma loja fora do ABC e a reforma de outra em funcionamento, conta o executivo.

"De quatro anos para cá, o preço do metro quadrado de áreas com 10 mil metros quadrados, adequadas para construção de grandes lojas, mais que triplicou", afirma André Simon Cywinski, sócio da consultoria Tecnovarejo. A empresa é especializada em traçar planos de expansão para redes varejistas. O preço do metro quadrado desses terrenos, que era de R$ 300 em 2007, hoje não se encontra por menos de R$ 1 mil.

O Lopes Supermercados, com 20 lojas, a maioria em Guarulhos (SP), é outra rede que enfrenta problemas para crescer. Mauro Augusto Rodrigues, diretor de Operações e Expansão da empresa, constatou aumento de até 50% do preços dos grandes terrenos últimos seis meses. A rede, que planeja abrir cinco lojas este ano num raio de 200 quilômetros da matriz em Guarulhos, buscou alternativas de novos formatos de negócio que compatibilizem a elevação do custo imobiliário com as margens apertadas de rentabilidade dos supermercados.

A rede Savegnago, de Sertãozinho, com 22 lojas e vendas de quase R$ 1 bilhão em 2010, sentiu os entraves na expansão nos últimos 12 meses, por causa do boom imobiliário no interior do Estado de São Paulo. Murilo Savegnago, coordenador de Marketing, relata que a empresa comprou um grupo de casas por valor muito acima do de marcado para garantir a expansão da empresa em Ribeirão Preto (SP). Procuradas, as gigantes do setor, Carrefour, Pão de Açúcar e Walmart, não quiseram comentar as dificuldades enfrentadas.
 

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