Gigantes do varejo preferem explorar novos territórios a cortar custos

O Walmart mencionou diversas vezes o país em encontro com analistas estrangeiros em setembro

A informação consta num relatório apresentado no "World Retail Congress", considerado o mais importante evento global do setor varejista, que aconteceu na semana passada, em Berlim, na Alemanha. O levantamento, realizado com os 100 presidentes ou diretores de grandes varejistas – incluindo Walmart, Carrefour, Casino, Metro, Tesco e Ikea (estas últimas três ainda não tem lojas no Brasil) – mostra que 56% das companhias acreditam que a expansão internacional é fundamental para o futuro crescimento. A ampliação de margens é citada por 47% e a redução de gastos por 26%. As respostas são de múltipla escolha.

Mauricio Morgado, consultor ligado ao GVcev, o Centro de Excelência em Varejo da FGV-Eaesp, destaca que explorar novos territórios é quase uma questão de sobrevivência no setor. Segundo Antonio Coriolano, sócio da Retail Consulting, lojas recém inauguradas em mercados emergentes crescem a uma velocidade muito maior do que as lojas antigas em qualquer país.

Ainda de acordo com o relatório, entre aqueles que priorizam a busca por novos mercados, 58% pensam em fazê-lo por meio da abertura de lojas físicas, 28% preferem se expandir internacionalmente pela criação de sites de venda on-line e 14% por meio de outra estratégia (não especificada no relatório).

A necessidade de avaliar novos mercados no exterior só tem uma importância menor do que o desenvolvimento do comércio eletrônico (67%) e o aprimoramento do portfólio de produtos nas lojas (63%). Alguns líderes desse segmento têm deixado claro essa questão nos últimos tempos – e citado o Brasil nesse contexto.

O Walmart mencionou diversas vezes o país em encontro com analistas estrangeiros em setembro. "Nós temos o grupo dos ‘big three’ (formado por México, Canadá e Reino Unido) que são uma grande parte da nossa venda. E o que nós temos de fazer é mudar o "big three" para "big five" tão rápido quanto nós pudermos, com China e Brasil atingindo níveis mais elevados de lucro operacional nos próximos anos", disse aos analistas Doug McMillon, presidente do Walmart International.

Oportunidade de expansão

Entre os 100 executivos ouvidos na pesquisa, 10 escolheram a China como o país com as maiores oportunidades de expansão. Em seguida estão, nessa ordem, Rússia, India, Egito e Brasil. Três por cento dos executivos citaram o Brasil como foco de investimento. Aparentemente não é uma taxa alta (Rússia aparece com 5% e Índia, 4%), mas diversos países são citados e as escolhas se pulverizaram.

Apesar da expectativa de chegada de novas redes no país (a cadeia de vestuário Topshop e a pizzaria Papa John’s chegam a partir de 2011) ainda há resistências. A GAP nunca veio, a H&M pensou e desisitiu, assim como a Tesco. "As barreiras de importação ainda assustam as lojas. Além disso, a China ainda ganha pelo tamanho do mercado consumidor", disse Morgado.

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