Governança corporativa em empresas familiares

Nos diversos tipos de mercado do mundo globalizado, a concorrência é uma característica marcante. Deste modo, cada vez mais as empresas necessitam encontrar fórmulas para aumentar produtividade
e lucratividade. O Brasil não foge a essa regra. Depois de enfrentar décadas de inflação alta, endividamento e estagnação da economia, o País vive momentos de prosperidade, com estabilidade acompanhada de crescimento econômico sustentado. Ao adentrar a economia mundial de maneira voraz, o Brasil deparou-se com um cenário caracterizado por uma crescente complexidade, através da qual o mercado impõe desafios às organizações. Assim, aos empresários não basta sobreviver, mas vencer as complexidades da gestão. 

A atual conjuntura empresarial exige processos mais transparentes que possibilitem um ambiente com atmosfera de equidade e confiança. Devido ao crescimento das organizações familiares, surge a necessidade da profissionalização da gestão visando garantir a perpetuidade da empresa. Em linha a este pensamento, destaca-se a importância da governança corporativa nas empresas familiares. Tema que, nos últimos tempos, vem ganhando espaço em discussões, seja no mercado de capitais ou fora dele, despertando a atenção para a relevância deste assunto. Diante da notável aplicação da governança corporativa em empresas de capital aberto, é cabível frisar que a utilização das práticas de governança não deve ser exclusividade destas, pois tanto empresas de capital fechado como as de controle familiarpodem adotar tal metodologia.

As organizações familiares apresentam diversos fatores positivos, a exemplo da agilidade na tomada de decisão, flexibilidade nos processos internos e clima organizacional positivo, além de uma atmosfera de “paixão” pelo negócio. No entanto, também existem pontos negativos que colocam em risco a longevidade do negócio como, por exemplo, limitação de capital para o desenvolvimento, ausência de plano de sucessão, exclusão de oportunidade a profissionais talentosos na organização por não possuírem vínculo familiar, falta de gestão profissional estratégica que possibilite a reinvenção da empresa para se confrontar às constantes mudanças no ambiente de negócios e baixa governança.

No Brasil, ao longo dos anos, vivenciamos diversos exemplos em que grandes grupos empresariais de controle familiar pereceram ou mudaram de mãos devido a uma série de motivos, a exemplo de más práticas de gestão ou ausência de um plano de sucessão estruturado, dentre outros. Grande parcela desses fracassos empresariais resulta ou de gestões heterodoxas – fora dos padrões – ou de condutas equivocadas, significando dizer que poderiam ter sido evitados caso as práticas de governança estivessem sendo adotadas.

A adoção do conselho de família, a profissionalização da diretoria e a formação de um conselho de administração, em boa parte composto por conselheiros independentes, têm se mostrado como boas medidas para melhorar a governança. Essas iniciativas, muitas vezes, carregam a imagem de excessiva burocracia ou de impacto negativo em despesas pela exigência de controles internos mais rigorosos. Tal visão parece exprimir também um excessivo apego ao poder, naturalmente centralizado na empresa familiar.

Em suma, cada empresário deve pesar prós e contras sobre a adoção das práticas da governança corporativa em sua empresa, de modo que se consiga sobreviver a este mercado complexo. O fato é que as empresas de controle familiar, em geral, costumam encontrar maior resistência às novas práticas de gestão e, consequentemente, maior risco de sucumbirem ao mundo empresarial.

Dante Apostolico Bitelli da Leme Investimentos.

Facebook
Twitter
LinkedIn