Inadimplência abre 2014 com alta de 7,84%, menor índice dos últimos 3 anos

Juros  altos  e  crédito  escasso  devem conter  alta da inadimplência em 2014, que deve continuar estável, mas em níveis baixos. Já as vendas fecharam o mês com alta de 5,07%

A quantidade de dívidas em atraso há mais de 90 dias no banco de dados de consumidores inadimplentes do SPC Brasil (Serviço de Proteção ao Crédito) aumentou 7,84% em janeiro deste ano, em relação ao mesmo período de 2013. Seguindo a mesma comparação, o volume de vendas parceladas realizadas pelos comerciantes em janeiro confirmou tendência de alta e também subiu 5,07%. O índice do SPC Brasil é divulgado pela CNDL (Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas) e leva em consideração mais de 150 milhões de consumidores cadastrados em 1,2 milhão de pontos de vendas espalhados por todo o Brasil.

A alta de 7,84% interrompeu a tendência de desacelerações que a inadimplência no varejo vinha apresentando desde abril de 2013. Por outro lado, este é o menor índice apresentado para os meses de janeiro, de acordo com a série histórica do SPC Brasil. “Janeiro é um mês que historicamente temos alta da inadimplência. É um período em que o consumidor deixa de pagar muitas contas por causa do período de férias e por conta dos vários gastos que teve no final de dezembro. Mesmo assim, o crescimento foi menor do que nos anos anteriores”, avalia o presidente da CNDL, Roque Pellizzaro Junior.

Inadimplência

Variação (%)

Jan.14/Jan.13

+7,84

Jan.13/Jan.12

+11,80

Jan.12/Jan.11

+12,31

Para o líder do movimento lojista, o cenário econômico atual é de elevação da taxa básica de juros, maior seletividade na oferta de empréstimos por parte dos bancos e de menor confiança dos comerciantes varejistas. “Este panorama econômico faz com que o consumidor nos próximos meses tenha mais dificuldade para tomar crédito e fique mais atento na hora de pagar os compromissos. O arrocho na oferta de empréstimos deve conter qualquer movimento de alta na inadimplência em 2014, que deve continuar estável, mas em patamares historicamente baixos”, analisa Pellizzaro Junior.

Já em relação a dezembro de 2013, a quantidade de dívidas em janeiro no banco de dados do SPCdiminuiu 2,28%, a menor taxa registrada desde fevereiro de 2013. Na avaliação do SPC Brasil, esse resultado de queda reflete o pagamento de contas que aconteceu em dezembro, fazendo com que o número de dívidas em atraso em janeiro fosse menor.

Inadimplência

Variação (%)

Jan.14/Dez.13

-2,28

Jan.13/Dez.12

-3,27

Jan.12/Dez.11

-2,71

Vendas a prazo

O número de consultas ao banco de dados do SPC para vendas a prazo em janeiro cresceu 5,07%, em relação ao mesmo mês do ano anterior. Para o movimento lojista, o resultado é positivo e começa o ano próximo da previsão da CNDL para o crescimento médio do setor varejista em 2014: 4%, já descontada a inflação do período. No entanto, Roque Pellizzaro Junior acredita que o crescimento das vendas a prazo no varejo como um todo deve sofrer uma leve desaceleração ao longo do ano em função da alta dos juros, do baixo crescimento da massa salarial e da dificuldade que o país enfrenta para gerar novos empregos. “Por outro lado, o comércio de alimentos, bebidas, supermercados e produtos eletrônicos deve registrar altas pontuais, em função da Copa do Mundo”, pondera.

Em relação a dezembro do ano passado, as vendas a prazo caíram 29,94%. De acordo com a economista-chefe do SPC Brasil, Luiza Rodrigues, esta queda pode ser em grande parte explicada pela sazonalidade. “Dezembro é um mês de forte atividade comercial em razão das festas de final de ano e, por isso, cria-se uma elevada base de comparação. Dessa forma, é natural que as vendas apresentem grandes quedas no mês de janeiro”, explica a economista.

Recuperação de crédito

O número de cancelamento de registros de inadimplência, que reflete a recuperação de crédito no varejo e a quitação de dívidas em atraso, foi positivo em janeiro de 2014 e apresentou uma alta de 9,12%sobre o mesmo período de 2013. Na avaliação de Luiza Rodrigues, o resultado está relacionado com a queda no número de registros, considerando a mesma base de comparação. “Com mais regularizações, cai o número de inadimplentes”, completa. Já na comparação mensal, o indicador em janeiro fechou em queda de -9,89%.

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