Indústria revisa PIB para baixo e prevê alta da inflação em 2008

A Confederação Nacional da Indústria (CNI) divulgou nesta quarta-feira, 9, o informe Conjuntural do segundo trimestre, no qual revisa as suas projeções para a economia brasileira em 2008. A previsão de crescimento do PIB recuou de 5% para 4,7%. A queda se deve principalmente a uma redução nas expectativas em relação ao consumo das famílias. Na esteira dos analistas de mercado, a entidade ampliou a sua previsão para o IPCA de 2008, elevando de 4,7% no último documento para 6,4% agora.

No informe conjuntural do primeiro trimestre, a CNI projetava um aumento do consumo de 7,5%, mas reduziu agora para 5,5%. Já a projeção de crescimento do PIB da indústria foi mantida em 5%. 

Para a CNI, o aumento das taxas de juros pelo Banco Central, para conter a inflação, deve provocar uma desaceleração da economia em 2008. A revisão da projeção de crescimento do PIB para 4,7%, porém, ainda será uma taxa de expansão expressiva, na avaliação da CNI, "devido às forças inerciais do crescimento, principalmente originadas da demanda doméstica".

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"Os dados do PIB para o segundo trimestre, ainda não-divulgados, deverão marcar a inflexão do atual ciclo de crescimento, mas os efeitos serão sentidos com mais intensidade no segundo semestre e, principalmente, em 2009", afirma o Informe do segundo trimestre.

Ao contrário do documento do primeiro trimestre, o Informe Conjuntural divulgado nesta quarta já prevê uma contaminação mais ampla dos preços, devido à combinação de aumento dos preços internacionais dos alimentos e do petróleo e expansão do crédito e da renda. Segundo a entidade, essa combinação deu espaço para um movimento de disseminação da alta dos preços.

A CNI destaca o aumento pelo governo do superávit primário deste ano, para 4,3% do PIB, como uma ajuda importante na contenção da demanda interna e no combate à inflação. Mas acredita que a taxa Selic possa alcançar 14,25% no final do ano. A elevação dos juros, diz a CNI, pode arrefecer também a trajetória de expansão dos investimentos. Por isso, a estimativa de formação bruta de capital fixo (FBCF) para 2008 caiu de 14% para 10,5%.

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Balança comercial

Em relação à balança comercial, a CNI reduziu de US$ 25 bilhões para US$ 20 bilhões a previsão de superávit comercial em 2008. A queda se deve à revisão das expectativas em relação às importações, que subiram de US$ 165 bilhões para US$ 170 bilhões. A previsão para as exportações foi mantida em US$ 190 bilhões. A CNI também aumentou a previsão de déficit em conta-corrente de US$ 15 bilhões para US$ 20 bilhões.

O Informe também alerta que o crescimento das exportações nos primeiros meses do ano só foi garantido devido aos ganhos de preços no mercado internacional. A entidade avalia que as vendas externas devem continuar se expandindo, totalizando US$ 190 bilhões este ano.

O risco, afirma a CNI, são os efeitos das políticas monetárias mais restritivas em diversos países para conter a inflação. Segundo a CNI, a depender da intensidade dessas políticas, seus efeitos sobre a demanda mundial poderão ser sentidos ainda este ano.

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