Inventor conquista 19 prêmios de inovação antes de concluir faculdade

por Mônica Pupo

 De inventor a empresário, a trajetória de Gabriel Estevam  Domingos é daquelas que não passa despercebida por aí.  Afinal, ele nem sequer acabou a faculdade de Engenharia  Ambiental, mas já acumula 19 prêmios – todos ligados à área  de inovação – capazes de fazer inveja a muito pós-graduado.  Empreendedor precoce, com apenas 23 anos abriu seu próprio  negócio com sede na cidade de Cubatão, litoral de São Paulo.  Hoje, aos 25, comemora o sucesso da GED Inovação,  Engenharia e Tecnologia, empresa focada no desenvol  vimento de produtos sustentáveis que a cada dia conquista  novos e mais importantes parceiros, incluindo diversas com  panhias multinacionais que se rendem aos projetos criativos e  audaciosos do futuro engenheiro.

 Entre os produtos mais recentes criados por Gabriel está uma  tinta ecológica para uso na construção civil. A chamada  Ecotinta utiliza resíduo proveniente das indústrias de  fertilizantes, como o fosfogesso, transformando-o em tinta  acrílica para pintar parede. “De cada tonelada de ácido  fosfórico produzido por essas indústrias, gera-se quase 6 toneladas de gesso químico, sendo que apenas 15% é reutilizado. O restante, que hoje utilizamos como matéria-prima para a fabricação da Ecotinta, antes era descartado no meio ambiente”, explica. De tão inovadora, a invenção garantiu a Gabriel o título de embaixador ambiental oferecido pela Bayer em parceria com a Organização das Nações Unidas, em 2012.

De olho na demanda por soluções alternativas para o tratamento de esgoto doméstico, Gabriel criou um reator capaz de tratar e reutilizar efluentes líquidos para fins não potáveis, como para a lavagem de carros, calçadas, roupas e irrigação de plantas. “Enquanto a maioria dos demais sistemas semelhantes exige uma estrutura complexa para tratar o esgoto, incluindo vários tanques, o que criei é bastante simples e utiliza energia elétrica”, destaca.

Outro projeto desenvolvido pela GED é uma ração para cães e gatos fabricada a partir do subproduto gerado pela pesca, atividade abundante na região da Baixada Santista, onde a empresa está instalada. “A casca do camarão e algumas partes comumente descartadas dos peixes são muito ricas em nutrientes, garantindo um alimento com maior valor nutricional em relação às rações convencionais, além do custo mais baixo, pois o insumo é gratuito, sem falar na questão ecológica, pois mais uma vez os resíduos seriam descartados na natureza”, aponta Gabriel. Segundo ele, as rações comuns chegam a ter um valor 300% maior do que esse produto.

O empresário já repassou alguns dos projetos para empresas, enquanto outros aguardam parceiros para que sejam viabilizados em escala comercial. Produzida atualmente em escala piloto, por exemplo, a ração ecológica é vendida a granel para companhias do ramo. Consciente da necessidade de novas parcerias, o jovem conta com a ajuda de uma empresa que faz o contato entre a GED e possíveis investidores. “Faz parte da nossa visão buscar parcerias com players já estabelecidos no mercado, até porque as tecnologias que desenvolvemos geralmente se aplicam a mercados muito competitivos, como o de tinta acrílica e alimento animal”, conta.

A notoriedade conquistada pelo jovem empreendedor é fruto de muito estudo e, principalmente, de uma vocação inegável surgida na infância. Quando criança, uma das brincadeiras favoritas de Gabriel era produzir seus próprios produtos de higiene, como sabonete, xampu e creme dental. “Eu lia as fórmulas contidas nos rótulos e tentava reproduzir, tudo de forma caseira e com os elementos que tinha à disposição”, relembra. Já na fase adulta, após ingressar na faculdade de Engenharia Ambiental, ele passou a se dedicar à invenção de projetos alinhados aos conceitos de sustentabilidade, ou seja, soluções ecologicamente corretas, socialmente justas e economicamente viáveis. “Gosto de pensar em soluções para questões que se tornaram críticas para a preservação do meio ambiente, como o tratamento e reutilização de resíduos”, diz Gabriel.

Um dos primeiros projetos criados na universidade foi o de um fertilizante orgânico produzido com restos de alimentos. Antes de se transformar em fertilizante, o material passa por uma série de etapas. Após serem triturados, os resíduos são depositados em tanques e, na sequência, são adicionados água e micro-organismos que se encarregam de acelerar o processo de decomposição. “Em vez de serem depositados no aterro sanitário, os restos de alimentos são reciclados e retornam para o solo como fertilizantes orgânicos, obedecendo a um ciclo que beneficia tanto o homem quanto a terra”, reflete.

Os prêmios conquistados por Gabriel incluem um concedido pelo governo do Estado de São Paulo, em 2010, como um dos três melhores projetos de Economia Verde, reconhecido na Bolsa Internacional de Negócios de Economia Verde; o “Prêmio EDP 2020”, também em 2010 – considerado o maior prêmio de inovação e empreendedorismo do Brasil. Foi com o dinheiro adquirido nessa premiação, algo em torno de R$ 100 mil, que Gabriel iniciou a operação da GED.

Além disso, o estudante empresário já conquistou dezenas de outros prêmios e concursos dedicados à inovação e sustentabilidade ligados a grandes empresas como Whirlpool, Mineradora Samarco e Vopak, com as quais a GED mantém parcerias até os dias de hoje. Para a Whirlpool, por exemplo, a empresa desenvolveu um projeto de um reator para ser acoplado às lavadoras de roupa, com o objetivo de tratar a água gerada no processo de lavagem. Já para a Mineradora Samarco foi criada uma tecnologia capaz de reutilizar a lama proveniente da extração do minério de ferro para a produção de vidros e pneus.

Para 2013 os planos da GED incluem a abertura de uma filial em São Paulo e a participação em projetos e editais, como o Edital Inovapetro e Projeto Agro Energia Goiás, entre outros, além da contratação de novos colaboradores. Quando terminar a faculdade, no ano que vem, Gabriel pretende seguir com suas invenções sustentáveis. “Quero continuar conciliando as carreiras de inventor, pesquisador e empreendedor, colocando em prática projetos que podem alavancar o fomento e cultura pela sustentabilidade, inovação e ciência em jovens como eu, pois creio que essa também seja uma de minhas parcelas de contribuição para o desenvolvimento de um mundo melhor.”

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