Juros em alta não reduzem compras a crédito, diz pesquisa da CNC

Pesquisas divulgadas hoje (19) pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC) sobre a intenção de consumo e sobre endividamento e inadimplência mostram que as últimas altas da taxa básica de juros (Selic) não brecaram o ímpeto de consumo.

“As altas ainda não assustaram a população. Se tivessem assustado, o consumidor teria pisado no freio”, avalia Fábio Bentes, economista da CNC. Para a economista Marianne Hanson, também da confederação, o efeito do aumento da Selic não é imediato e a elevação custo do crédito devido aos juros mais altos poderá desestimular o consumo “ao longo do tempo”.

O índice de Intenção de Consumo das Famílias (ICF) medido pela CNC registrou 132,6 pontos (em uma escala que vai até 200), e é 1,7% maior do que o medido no ano passado. O dado mede o aumento da satisfação com o emprego atual, a perspectiva de ter emprego para honrar compromissos, e o acesso ao crédito.

Segundo o economista, o consumidor toma a decisão de fazer um financiamento com base no impacto do valor das parcelas de pagamento e não com o custo dos juros. “Ele não calcula a taxa, mas o peso da prestação no orçamento”.

A CNC aponta, no entanto, que já há expectativa de um crescimento menos vigoroso das vendas no comércio este ano. Em 2010, a alta foi de 10,9%. A projeção para 2011 é de 7,1%, refletindo a persistência da inflação, que diminui a renda disponível e o encarecimento do crédito.

O ICF registra recuo mensal desde o último janeiro (-2,9%), mas está caindo menos a cada mês. A retração tem a ver com o período do ano em que há despesas com pagamento de impostos e material escolar. O índice é calculado mensalmente desde janeiro de 2010 com base em um questionário para 18 mil consumidores em todas as capitais estaduais.

A mesma amostra é base para a Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic) que revela que diminuiu o percentual de famílias endividadas (62,6%) em abril em comparação com março (64,8%). Também caiu de 8,4% para 7,8% o percentual de consumidores que declararam não ter condições de pagar as suas contas.

Segundo a Peic, a principal forma de endividamento é o cartão de crédito (70,8%), seguida de carnês (19,7%); crédito pessoal (10%); financiamento de carro (10%) e cheque especial (7,3%). O financiamento da casa própria só foi indicado em 4% das respostas.
 

 

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