Lei Geral aproxima micro e pequenas empresas das fontes de crédito

Recentemente, o diretor de Administração e Finanças do Sebrae Nacional, Carlos Alberto dos Santos, afirmou que este ano o acesso ao crédito vai crescer muito. De fato isso vem acontecendo. As micro, pequenas e médias empresas (MPME) estão recebendo mais crédito dos bancos em 2008. Nos três primeiros meses do ano, a expansão de crédito de alguns dos maiores bancos privados do País em direção ao segmento foi maior do que a apresentada pelas grandes empresas.

No Banco do Brasil, as operações de crédito para as MPME foram de R$ 25,6 bilhões até março, alta de 32% sobre o mesmo período do ano passado. Já no Itaú, o crédito destinado a essas empresas aumentou 50% no primeiro trimestre do ano, ante o mesmo período de 2007. No Bradesco, em que a alta do crédito para o segmento no primeiro trimestre foi de 47,6%, o crescimento anual estimado é entre 20% e 25%.

Para os executivos desses bancos, a Lei Geral da Micro e Pequena Empresas tem sido uma importante ferramenta de apoio para a criação desse ambiente tão favorável. “A inserção das micro e pequenas empresas em novos mercados, como o das compras governamentais, tem propiciado um novo ciclo de crescimento, o que tem exigido mais investimento por parte delas e mais oferta de crédito por parte dos bancos”, diz o gerente-executivo da diretoria de Micro e Pequenas Empresas do Banco do Brasil, Kedson Pereira Macedo.

De acordo com dados do Ministério do Planejamento, em 2007, as micro e pequenas empresas venderam mais de R$ 9,5 bilhões para o Governo Federal. Hoje, das 275 mil empresas cadastradas para fornecer ao Governo Federal, 160 mil são de micro e pequeno porte. “As instituições financeiras estão com um olhar diferenciado para esse público, criando produtos com características diferenciadas”, afirma Kedson.

No dia 9 de junho, foi assinado um convênio ‘guarda-chuva’ de cooperação técnica entre Sebrae e Caixa, que prevê a realização de diversas ações voltadas à ampliação do acesso ao crédito e aos serviços financeiros pelas micro e pequenas empresas, bem como o aumento de intercâmbio de informações, cooperação e outras atividades correlatas.

Na ocasião, a presidente da Caixa, Maria Fernanda, afirmou que a instituição vai criar estratégias, produtos e serviços destinados às MPE. “Este ano serão disponibilizados R$ 80 bilhões para o crédito. Deste valor cerca de 40% serão destinados a pessoas jurídicas, na qual as micro e pequenas empresas estão inseridas". Em 2007, a instituição passou a ter uma Superintendência Nacional de Micro e Pequena Empresa (Sumpe) vinculada, à vice-presidência da Pessoa Jurídica (Vipju) e criada exclusivamente para desenvolvimento de produtos e estratégias direcionados a este público.

Para Alexandre Jorge Chaia, professor de finanças do Ibmec São Paulo, as micro e pequenas empresas constituem um segmento que tende a crescer bastante, porém, as instituições financeiras não estão acompanhando esse crescimento no que se refere à abordagem. “Os bancos concedem a este público o mesmo tratamento dado ao varejo. É necessário que eles criem produtos padronizados e operações mais estruturadas para as micro e pequenas empresas”, afirma.

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Atendimento especializado

Atento a essa questão de ampliação e melhoramento do atendimento das micro e pequenas empresas por parte das instituições financeiras, o Sebrae elaborou um treinamento com foco nos gerentes de atendimento de instituições financeiras que lidam diretamente com o empresário de micro e pequeno negócio. Inicialmente, o material surgiu para atender a uma das cláusulas previstas em um convênio de cooperação técnica firmado em 2005 entre Sebrae e uma instituição financeira parceira.

Recentemente o conteúdo do curso passou por um processo de atualização. A Unidade de Acesso a Serviços Financeiros do Sebrae (UASF) utilizou dados de pesquisas divulgadas pela própria Instituição, como, por exemplo, a Pesquisa de Sobrevivência das Micro Pequenas Empresas.

O conteúdo do curso pode ser adaptado a qualquer instituição financeira que queira treinar seus gerentes. Atualmente, o treinamento é oferecido para as instituições financeiras que possuem convênio de cooperação técnica com o Sebrae, já que a parceria estabelecida é uma via de mão dupla e contempla esforços de ambas as partes em prol dos pequenos negócios.

“Um atendimento especializado e capacitado pode render a criação de novos produtos bancários. Só conhecendo as necessidades das micro e pequenas empresas de perto é que o banco pode criar produtos específicos para elas”, explica o analista técnico da UASF André Dantas.

O objetivo da capacitação é transferir aos colaboradores de instituições financeiras conhecimentos gerais e específicos sobre micro e pequenas empresas com vistas a aprimorar o padrão de análise, concessão e acompanhamento de crédito, gerando resultados efetivos para as instituições financeiras e para as micro e pequenas empresas.

O curso tem uma carga horária de 40 horas, dividida em quatro módulos. Ao final do repasse, o participante terá condições de analisar um empreendimento de pequeno porte, levando em conta não só a questão financeira, mas toda a sistemática que envolve as micro e pequenas empresas.

Toda a metodologia utilizada trabalha o conceito de ‘aprender fazendo’. Para tanto, o curso adota técnicas de trabalhos em grupos, jogos de empresas, visitas e exposições interativas, além de textos e apostilas de apoio. O consultor utiliza técnicas de facilitação, num modelo que se diferencia dos conceitos tradicionais, tendo em vista que os resultados dos trabalhos são construídos pelo grupo e não conduzidos de forma imperativa pelo consultor.

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