Mantega critica ação de especulador de matérias-primas

O ministro da Fazenda, Guido Mantega, afirmou ontem aos líderes dos partidos aliados, durante reunião do conselho político no Palácio do Planalto, que "o combate à inflação não interromperá o ciclo de crescimento" do Brasil. Mantega disse que a meta do governo é sustentar um crescimento de 5% até 2010. Ele afirmou, ainda, que a ação especulativa nos mercados de commodities agrícolas e de petróleo é uma das principais causas da atual inflação mundial. "Os especuladores querem inflação alta; não permitiremos", disse, em sua exposição aos líderes.

Para o ministro, os fundos de pensão corporativos e os fundos soberanos, entre outros, motivados pelo colapso dos mercados acionário e imobiliário nos Estados Unidos, estão provocando (com as suas aplicações) um choque de demanda no mercado futuro de commodities e de petróleo, com reflexo imediato na economia real. "O aumento no preço futuro promove impacto imediato no preço à vista e na economia real porque são inelásticos", afirmou. "Preços em alta atraem mais especuladores, aumentando sua alocação à medida que os preços sobem. Como os mercados de commodities são pequenos, a atuação de grandes investidores acaba distorcendo os preços."

Segundo o ministro, as aplicações financeiras em commodities (matérias-primas) passaram de US$ 13 bilhões em 2003 para US$ 260 bilhões em março de 2008. "Os preços de 25 commodities subiram em média 183% neste período", observou. Mantega chegou a fazer uma diferenciação entre os "especuladores tradicionais", que compram e vendem contratos futuros no mercado, e os "especuladores de índices", que "compram futuros, mas nunca vendem, apenas giram posição com benefício zero aos mercados futuros".

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