Mercado abre oportunidades para pequenos negócios de alimentação fora do lar

Quase metade dos pequenos negócios ligados ao ramo de alimentação fora do lar adquirem seus produtos diretamente de produtores rurais. A relação comercial entre os dois segmentos, porém, pode ser ainda mais robusta, segundo aponta a pesquisa “Cadeia produtiva das empresas de alimentação”, realizada pelo Sebrae entre 6 de abril e 14 de maio de 2018.

Conforme o levantamento, 45% dos 1.125 micro e pequenos empreendedores entrevistados já adquirem seus produtos da área rural. Entre aqueles que não compram diretamente, 85% têm interesse em fazê-lo. Para a diretora técnica e presidente em exercício do Sebrae, Heloisa Menezes, a relação entre os dois lados pode melhorar ainda mais. “É preciso aproximar mais o pequeno produtor rural e os empresários do segmento de pequenos negócios de alimentação, para que possam interagir e buscar soluções conjuntas para os desafios e oportunidades apontados na pesquisa que realizamos”, assinala.

Logística – Os principais desafios apontados pelos empresários do setor estão relacionados à entrega dos produtos e à logística. Conforme a pesquisa, 50% dos comerciantes entrevistados citam a falta de constância na entrega da mercadoria, 46% não conhecem produtores que forneçam o que necessitam e 46% reclama da dificuldade logística da compra. Além disso, para comprar, os empresários ouvidos relatam que priorizam a qualidade dos insumos, o preço e a confiança no fornecedor durante o processo de compra dos produtos.

É justamente a confiança no fornecedor, o preço e a qualidade dos insumos, que fazem a empreendedora Maíra da Costa Pedro da Luz escolher apenas três pequenos produtores para comprar os hortalifruti que usa em seu restaurante, em São Paulo. Todos os pratos vendidos por Maíra em seu restaurante Free Soul Food, no Jardim São Paulo, na zona norte da capital paulista, são orgânicos. “Só deixo de comprar nos sítios de Botucatu, Socorro (ambas no interior) e no Sul de Minas Gerais, se os produtos estiverem em falta”, afirma a comerciante. Mesmo assim, quando isso acontece, ela tem como alternativa, outro pequeno produtor de Mairiporã, também no interior do estado.

Confiança e qualidade – O perfil de Maíra é o mesmo dos pequenos empreendedores do ramo de alimentação, apontado pela pesquisa: 49% querem insumo de qualidade, 18% se importam com os preços e 14% se baseiam na confiança no fornecedor. Este aspecto ficou evidente, já que 85% compram dos mesmos produtores rurais. “Como meu restaurante é de comida orgânica, tenho que ter certeza da qualidade do produto que vou servir aos meus clientes”, explica.

A pesquisa mostra a força da área rural quando se trata do local das compras, já que  32% dos comerciantes vão ao Ceasa, 32% adquirem diretamente de produtores rurais e 27% nas feiras livres, principalmente hortaliças (48%), frutas (21%) e proteína animal (21%). Por se tratar de produtos perecíveis, na maioria dos casos, 64% dos pequenos empreendedores fazem suas compras semanalmente, 23% diariamente e 8% quinzenalmente. Além disso, 71% fazem cotação de preços, sendo que 65% deles de forma presencial e 56% por telefone.

Os pequenos negócios de alimentação estão resistindo às crises, já que 35% das empresas ouvidas têm mais de 10 anos, 31% entre seis e 10 anos e 24% são novos, com até cinco anos de existência. Quase 60% das entrevistas foram feitas em restaurantes e similares, bares, cantinas, lanchonetes, casas de chá, de sucos e similares e padarias e confeitarias.

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