Micro, pequenas e médias empresas têm participação recorde nos financiamentos do BNDES no primeiro bimestre

As micro, pequenas e médias empresas (MPEs) foram decisivas para o aumento de desembolsos do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) no primeiro bimestre deste ano. Dados divulgados hoje (24) pela instituição mostram que as MPEs tiveram participação recorde de 45% nas liberações do banco no período, somando R$ 7,7 bilhões. A expansão de recursos para as MPEs foi de 18%.

“Na história recente do banco, não há dúvida de que esta participação (das MPEs) é a mais representativa. Em termos de desembolsos do banco, chegar a 45% para micro, pequenas e médias empresas é algo realmente expressivo. É algo a comemorar”, disse em entrevista à Agência Brasil o chefe do Departamento de Orçamento da Área de Planejamento do BNDES, Gabriel Visconti.

Ele lembrou que em 2010, a participação das MPEs foi de 27% do total desembolsado, contra 19% em 2009. “É um crescimento sistemático, uma evolução positiva da participação das micro e pequenas empresas nos desembolsos do banco”. A tendência, ressaltou, é que isso se mantenha ou seja reforçado. Para as empresas de grande porte, os desembolsos em janeiro e fevereiro de 2011 permaneceram estabilizados em R$ 9,5 bilhões.

No total a liberação de recursos do BNDES atingiu R$ 17,2 bilhões no bimestre. O aumento registrado foi de 7% em comparação ao mesmo bimestre do ano passado.

O banco informou também que no acumulado dos últimos 12 meses, findos em fevereiro, os recursos liberados totalizaram R$ 144,8 bilhões. Incluindo a operação de capitalização da Petrobras, o valor sobe para R$ 169,6 bilhões.

Segundo informou Visconti, contribuíram para o resultado obtido no primeiro bimestre instrumentos para a democratização do crédito. Entre eles, citou o Cartão BNDES, voltado para as micro e pequenas empresas, com cerca de 65 mil operações feitas em janeiro e fevereiro deste ano, no valor de R$ 874 milhões; e o Programa de Sustentação do Investimento (PSI), do governo federal, que oferece taxas de juros abaixo do mercado.

A análise por setores mostra que a área de infraestrutura recebeu R$ 7,1 bilhões do BNDES nos dois primeiros meses do ano, participando com 41% dos financiamentos feitos. Para o setor industrial, foram liberados R$ 5,5 bilhões, correspondentes a 32% do total, enquanto o setor de comércio e serviços receberam R$ 3,1 bilhões (18% do total) e a agropecuária R$ 1,5 bilhão (9%).

O total desembolsado pelo PSI, desde o início do programa, em junho de 2009, até o último mês de fevereiro, somou R$ 95,6 bilhões, dos quais R$ 38,3 bilhões se referem a financiamentos para ônibus e caminhões. O PSI foi criado para garantir a manutenção dos investimentos e reduzir os efeitos da crise internacional sobre a economia brasileira. Ele tem foco nos setores de bens de capital, exportação e inovação.

O superintendente da Área de Planejamento do BNDES, Cláudio Leal, disse à Agência Brasil que a expectativa do banco é reproduzir, em 2011, o volume de liberações registrado no ano passado (R$ 143,7 bilhões, excluída a operação de capitalização da Petrobras), “que já foi recorde”. Destacou, porém, que “permanecer no mesmo tamanho de 2010 tem a ver com uma intenção explícita do governo, encampada e endossada pelo BNDES, de chamar os bancos privados para ajudar a financiar o desenvolvimento, ajudar no crédito de longo prazo”.

Leal destacou que o BNDES não está estimando nenhuma diminuição nos desembolsos “porque isso comprometeria o nível de investimento na economia”. Frisou que essa é a preocupação do banco: “preservar o nível de investimento na economia”. Segundo o superintendente do BNDES, “agora é a vez deles”, referindo-se ao mercado de capitais e ao mercado financeiro nacional como financiadores do investimento no país.

 

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