Mulher empreendedora atrai mais talentos, afirma estudo

Quando elas estão no comando, a capacidade de atrair e reter talentos é maior

Um estudo sobre diferenças de gênero entre empreendedores mostra que, quando elas estão no comando, a capacidade de atrair e reter talentos é maior.

A área de recursos humanos é um problema para 60% dos empreendedores, enquanto só 35% das mulheres enfrentam dificuldades nesse quesito, revela o estudo conduzido pela ONG Endeavor e que a Folha divulga com exclusividade.

O gênero, contudo, não é determinante para o desempenho do negócio. "Na prática, o desempenho [de homens e mulheres] é muito similar. A diferença está na forma", diz Juliano Seabra, diretor de pesquisa da Endeavor.

"O homem está mais orientado para o alto crescimento e quer chegar lá mais rapidamente. A mulher também é ambiciosa, mas é mais conservadora e prefere crescer de forma mais estruturada."

Esse comportamento também explica o fato de as sociedades lideradas por mulheres terem menos sócios.

Só 26% das empresas lideradas por elas possuem três ou mais sócios. A fatia mais que dobra (54%) nos caso de negócios liderados por eles.

"O homem tende a abrir a empresa com o objetivo de crescer e começa mais capitalizado e com uma rede mais completa de sócios", diz Seabra.

Já elas abrem um negócio quase que por acaso, após uma sugestão ou depois de desenvolver um conhecimento específico.

Negócios próprios

Foi assim com Sofia Esteves, presidente da maior empresa nacional de seleção profissional, a DMRH, criada em 1988 e que fatura hoje R$ 22 milhões. "Nunca imaginei ser empresária nem sonhei ter uma empresa desse tamanho", diz Esteves.

Logo após se formar em psicologia, ela trabalhou em uma consultoria, visitando clientes. Quando deixou o emprego, recebeu a ligação de um desses clientes, o diretor de RH da Coldex Frigor.

"Ele disse: "Monte sua empresa que vai dar certo". Ele me indicou para outra empresa e em três meses estava envolvida em 14 projetos."

Letícia Solum, arquiteta e estudiosa da terra como material de construção, montou uma empresa de tinta mineral após se ver fabricando o produto sob demanda para seus projetos de arquitetura.

Hoje, ela se dedica totalmente à fabricação do produto, atendendo à crescente demanda por construções sustentáveis.

Letícia é quase uma exceção ao se dedicar a um produto industrial. A pesquisa mostra que os homens tendem a se concentrar nas áreas industriais, com inovação na área de produtos.

As mulheres são mais atraídas para o setor de serviços e inovam na implementação de processos e técnicas de marketing, de RH etc.

Com inovações menos visíveis, elas têm menos a acesso a financiamento público ou privado. No estudo, 38,5% dos homens tiveram acesso a alguma linha de financiamento público. Entre as mulheres, só 19,2%.

A Endeavor ouviu 52 empreendedores, metade de cada sexo, que lideram empresas com altas taxas de crescimento (chamadas de alto impacto). São empresas cujo faturamento varia de US$ 100 mil a US$ 10 milhões.

Além de Brasil, foram realizadas entrevistas na Suécia, na Suíça, nos EUA, em Uganda e na Jordânia.

O resultado completo, com a comparação entre os países, será divulgado em julho.

 

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