Necessidade não é mais o principal motivo do brasileiro abrir um negócio

A necessidade de ter uma fonte de renda não é mais o principal motivo do brasileiro abrir um negócio. De acordo com a pesquisa Global Entreperneurship Monitor (GEM), enquanto uma pessoa cria uma atividade rentável no país porque precisa ter uma renda, 2,1 resolvem empreender para aproveitar a oportunidade de aumentar seus ganhos.

A GEM foi divulgada hoje (26) e traz dados referentes a 2010. Segundo a pesquisa, o Brasil tem hoje 21,1 milhões de donos de negócios com até três anos e meio de atividade. Desses, 14,3 milhões empreenderam pela oportunidade e 6,7 milhões, pela necessidade.

Em 2002, essa divisão estava invertida. Há oito anos, mais brasileiros abriam empresas por necessidade do que pelas oportunidades geradas pela economia nacional.

Para o presidente do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), Luiz Barreto, a mudança mostra um novo perfil do país. “O Brasil está caminhando para ter um perfil [empreendedor] muito parecido com o de países desenvolvidos”, afirmou, durante a apresentação dos dados do levantamento.

Segundo Barreto, via de regra, quanto mais desenvolvida uma economia é, mais as oportunidades influenciam na abertura de negócios. Dentre os 60 países pesquisados, para cada negócio aberto por necessidade, 2,2 são abertos por oportunidade. Nos Estados Unidos, considerado um país bastante empreendedor, a taxa é de 2,4.

O presidente do Sebrae reconheceu que o Brasil tem desafios a serem superados para aumentar ainda mais o número de negócios abertos por oportunidade. E citou a carga tributária e o acesso ao crédito como obstáculos a serem superados. Mas ressaltou que o governo tem trabalhado para solucionar essas questões. Na opinião de Barreto, o pequeno empreendedor tem grande influência sobre o mercado de trabalho.“Um país grande como Brasil não pode achar que o mercado formal de trabalho vai dar conta de todo mundo”, disse. “O empreendedorismo precisa ser visto como uma alternativa”, completou.

O diretor do Instituto Brasileiro da Qualidade e Produtividade, Eduardo Righi, tem o mesmo entendimento do presidente do Sebrae. Segundo ele, as pequenas e médias empresas são grandes geradoras de emprego e que as estimativas contidas na GEM 2010 apontam que 4,6 milhões de novos empreendedores brasileiros devem gerar 27,6 milhões de emprego nos próximos cinco anos. Para Righi, se isso se confirmar, cada novo empreendimento vai gerar seis postos de trabalho no país.

 

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