Negócios sustentáveis podem gerar pelo menos US$ 12 trilhões e reparar o sistema econômico

Mais de 35 CEOs e líderes da sociedade civil da Business & Sustainable Development Commission (Comissão de Desenvolvimento Sustentável e Empresarial) revelaram hoje que os modelos de negócios sustentáveis poderiam abrir oportunidades econômicas no valor de pelo menos US$ 12 trilhões e gerar até 380 milhões de empregos por ano até 2030. Colocar as Metas de Desenvolvimento Sustentável, ou Metas Globais, no centro da estratégia econômica mundial, poderia desencadear uma mudança radical no crescimento e na produtividade, com um boom de investimento em infraestrutura sustentável como um fator crítico. No entanto, isso não acontecerá sem uma mudança significativa na comunidade empresarial e de investimento. É necessária uma verdadeira liderança para que o setor privado se torne um parceiro confiável no trabalho com governos e com a sociedade civil para consertar a economia.

Em seu principal relatório, Better Business, Better World, a comissão reconhece que, embora nas últimas décadas centenas de milhões de pessoas tenham sido retiradas da pobreza, houve também um crescimento desigual, mais insegurança no campo do emprego e um endividamento cada vez maior. Esses fatores alimentaram uma reação antiglobalização em muitos países, com interesses empresariais e financeiros considerados centrais para o problema, minando o crescimento econômico de longo prazo que o mundo precisa. A Comissão passou o último ano analisando uma questão central: “O que será necessário para que as empresas sejam fundamentais para criar uma economia de mercado sustentável, que possa ajudar a atingir os Objetivos Globais?”. O Better Business, Better World, programado para ser lançado junto o Fórum Econômico Mundial, em Davos, e a posse presidencial nos Estados Unidos, mostra como.

“Este relatório é um apelo à ação para líderes empresariais. Nós estamos no limite e não mudar resultará em mais oposição política e em uma economia que simplesmente não funciona para um número suficiente de pessoas. Temos que mudar para um modelo de negócio que funcione para um novo tipo de crescimento inclusivo”, afirma Mark Malloch-Brown, presidente da Business & Sustainable Development Commission. “O Better Business, Better World mostra que existe um incentivo convincente para que o mundo não seja apenas bom para o meio ambiente e para a sociedade, mas que ele faça sentido em termos de negócios também”, complementa.

No centro da discussão da Comissão estão os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ou Objetivos Globais) – 17 objetivos para eliminar a pobreza, melhorar educação e saúde, criar melhores empregos e enfrentar os principais desafios ambientais até 2030. A Comissão acredita que os Objetivos Globais oferecem ao setor privado uma nova estratégia de crescimento que abre oportunidades de mercado valiosas ao criar um mundo que seja sustentável e inclusivo. E as possíveis recompensas para fazer isso são significativas.

O relatório revela que 60 grandes oportunidades em mercados sustentáveis e inclusivos em apenas quatro áreas econômicas importantes poderiam gerar pelo menos US$ 12 trilhões, valor acima de 10% do PIB atual. A discriminação das quatro áreas e seus valores potenciais são: energia, com US$ 4,3 trilhões; cidades: com US$ 3,7 trilhões; alimentos e agricultura, com US$ 2,3 trilhões; e saúde e bem-estar, com US$ 1,8 trilhão.

Essas grandes oportunidades dos Objetivos Globais identificadas no relatório têm o potencial de crescer 2 a 3 vezes mais rapidamente do que o PIB médio nos próximos 10 a 15 anos. Além dos US$ 12 trilhões estimados diretamente, a análise conservadora mostra potencial para mais US$ 8 trilhões de criação de valor em toda a economia se as empresas incorporarem os Objetivos Globais a suas estratégias. O relatório também mostra que, se o custo das externalidades (impactos negativos das atividades de negócios, como emissões de carbono ou poluição) for levado em conta, o valor global das oportunidades aumenta em quase 40%.

“Em um momento em que nosso modelo econômico está desafiando os limites de nossas fronteiras planetárias e condenando muitos a um futuro sem esperança, os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável nos oferecem uma saída”, diz Paul Polman, CEO da Unilever, e membro da comissão. “Muitos estão agora percebendo as enormes oportunidades que existem para empresas esclarecidas e dispostas a enfrentar estes desafios urgentes. Mas cada dia que passa é mais uma oportunidade perdida para a ação. Devemos reagir de forma rápida, decisiva e coletiva para garantir um mundo mais justo e próspero para todos”, afirma Polman.

Embora as oportunidades sejam convincentes, a Business & Sustainable Development Commission deixa claro que duas condições críticas devem ser atendidas para criar esses novos mercados. Primeiro, será necessário um financiamento inovador de fontes públicas e privadas para liberar os US$ 2,4 trilhões necessários anualmente para alcançar os Objetivos Globais.

“Como gestores de capital de longo prazo, a indústria de investimentos e seus clientes podem apoiar a realização dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável, criando métricas de sustentabilidade simples e padronizadas, integrantes do processo de investimento”, explica Hendrik du Toit, CEO da Investec Asset Management e membro da Comissão. “Também precisamos de novas parcerias otimizadas com governos e comunidades que possam reduzir os riscos para todos e trazer mais investimento privado a um custo mais baixo para o desenvolvimento de infraestrutura sustentável”, complementa o CEO.

Ao mesmo tempo, a Comissão acredita que um “novo contrato social” entre empresas, governo e sociedade é essencial para definir o papel das empresas em uma nova economia mais justa. O Edelman Trust Barometer 2017, recentemente lançado, reforça esta ideia. Ele mostra que, embora a credibilidade do CEO esteja em forte queda, 75% dos entrevistados da população em geral concordam que “uma empresa pode adotar ações específicas que aumentam os lucros e melhoram as condições econômicas e sociais na comunidade onde ela opera”. Elas podem fazer isso de formas que se alinham com as recomendações e ações descritas no Better Business, Better World: reconquistar a confiança criando empregos dignos, recompensando os trabalhadores de forma justa, investindo na comunidade local e pagando uma parcela justa de impostos.

“A promessa dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável e do Acordo Climático de Paris é um mundo livre de carbono e com pobreza zero. Para alcançar esses Objetivos Globais, precisamos recuperar confiança. Um novo contrato social para as empresas onde as pessoas, seu meio ambiente e desenvolvimento econômico sejam reequilibrados pode garantir que todos os filhos e filhas sejam respeitados com liberdade, salário mínimo adequado, acordos coletivos e trabalho seguro garantido. Somente um novo modelo de negócios baseado em antigos princípios de direitos humanos e justiça social irá apoiar um futuro sustentável”, explica Sharan Burrow, Secretária-Geral da International Trade Union Confederation e também integrante da Comissão.

Ao longo de 2017, a Comissão focará seus esforços em trabalhar com as empresas para reforçar o alinhamento delas com os Objetivos Globais, incluindo: orientar a próxima geração de líderes de desenvolvimento sustentável; criar roteiros setoriais e tabelas que classifiquem o desempenho corporativo em relação aos Objetivos Globais; e apoiar medidas para a liberação de financiamentos que viabilizem investimentos em infraestruturas sustentáveis. “Precisamos mostrar que essas ideias funcionam não apenas em um relatório, mas na linha de frente dos negócios”, ressalta a Dra. Amy Jadesimi, CEO da LADOL, uma empresa nigeriana de desenvolvimento de infraestrutura e logística, e membra da Comissão.

“Os Objetivos Globais fornecem um modelo de crescimento sustentável e lucrativo para as empresas e têm o potencial de desencadear uma nova ‘corrida competitiva para o topo’. Quanto mais rápido os CEOs e conselhos fizerem dos Objetivos Globais seus objetivos de negócios, melhor será para o mundo e suas empresas”, finaliza Jeremy Oppenheim, diretor de Programa da Comissão.

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