Novos perfis de consumo vão inspirar produtores de moda

As estações do ano estão deixando de ser a principal referência para o lançamento das coleções de roupas e acessórios. O mercado de moda está cada vez mais atento aos perfis culturais e comportamentais dos consumidores do que na mudança das estações. Para empresários do setor, essa percepção pode significar a sobrevivência de seus negócios e marcas.

Essa premissa é o alicerce do Caderno Inspirações para o Design de Moda Verão 2009, editado pela parceria Senai-Cetiqt/Sebrae Nacional, a ser lançado nos pólos de moda do País a partir da segunda quinzena de julho.

As propostas para o desenvolvimento das coleções do próximo verão, presentes na publicação, foram elaboradas de acordo com seis perfis de consumo: realista (pragmático ou prospectivo); mítico (instrumental ou sensorial); e criativo (engenhoso ou imaginativo).

A tiragem da publicação é de cinco mil exemplares, que estarão à disposição dos empresários confeccionistas nos postos do Sebrae. Além da publicação, as duas instituições parceiras vão realizar workshops e laboratórios de criativação nos pólos de moda interessados, visando ao aprofundamento nas informações contidas no caderno.

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Criativação

Criativação é o exercício da criatividade, através do processo de criar, explica Kátia Pires, gerente do Instituto de Design e coordenadora do Projeto Caderno Inspirações para o Design de Moda, no Senai/Cetiqt. "É preciso embasamento e metodologia para criar. Todo mundo que cria tem um banco de dados cultural, técnico e de experiência de vida", afirma.

Não se cria nada do vácuo, enfatiza a gerente. "É preciso pesquisar, selecionar e tratar a informação, antes de iniciar o processo criativo, propriamente dito", resume.

Os workshops e laboratórios de criativação, que poderão ser promovidos nos pólos de moda junto ao lançamento do Caderno Inspirações para o Design de Moda Verão 2009, objetivam a realização de exercícios de criação das coleções, tendo como base os perfis de consumo e propostas da publicação para os seguintes segmentos de moda: feminina, masculina, praia, fitness, infantil, jeans e íntima (lingerie).

A bagagem cultural dos participantes será extremamente importante nos workshops e laboratórios de criativação. Os exercícios terão como objetivo trazer à tona os estilos de roupas e acessórios de cada região brasileira. A idéia é deixar de copiar o que vem de fora do País, e dar vazão ao jeito nacional de vestir e fazer moda.

O Caderno Inspirações para o Design de Moda é uma iniciativa do Senai/Cetiqt e Sebrae Nacional destinado, especialmente, a micro e pequenas empresas e vem sendo editado, semestralmente, para os períodos outono/inverno e primavera/verão, desde 2005.

Essa publicação tem-se firmado como material informativo valioso para o setor confeccionista de vestuário brasileiro, conforme opiniões de empresários donos de marcas, estilistas, formadores de opinião etc. "Não se trata de um caderno de tendências. É um caderno de inspirações, pois visa oferecer referências nacionais para o desenvolvimento das coleções", ressalta Kátia.

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Moda no mercado globalizado

No mercado globalizado, as respostas da indústria de moda devem ser rápidas, pois as mudanças nos padrões de consumo são velozes. Essas características estão causando enormes mudanças no mundo fashion.

"Estamos numa transição. No futuro próximo, empresas de moda vão lançar várias minicoleções, ao longo do ano, sem vínculo com a mudança das estações", prevê Kátia. No Brasil, esse caminho será facilmente construído, já que o País possui praticamente duas estações: inverno e verão.

As mudanças climáticas – mais do que a mudança das estações – estão se tornando elementos-chave na criação das coleções. "Não se cria mais roupa porque é verão ou inverno", define a gerente. As temperaturas mais altas em todo o planeta estão mexendo com os padrões e modo de vestir das pessoas.

Diante da nova visão de mundo, mercado e consumo, a moda brasileira tem muitas oportunidades pela frente. O estilo brasileiro de ser, lúdico, criativo e leve, é bem-vindo no mercado globalizado. "A moda brasileira encanta lá fora pelo que temos de original, pelo que é nosso", esclarece Kátia.

No entanto, é preciso fugir do lugar-comum, que relaciona a brasilidade apenas com sol, samba, carnaval e futebol. "Temos que valorizar a bagagem cultural pessoal e regional dos criadores de moda", diz a gerente. "Se as roupas ficassem todas iguais, pasteurizadas, perderíamos criatividade, diversidade e negócios", justifica.

No próximo verão, as pessoas continuarão procurando mais conforto nas roupas. "Ao contrário do inverno, quando procuram elaborar mais suas imagens, no verão elas procuram roupas mais leves e limpas", diz Kátia. Os detalhes e acessórios é o que farão a diferença.

Consumidores cultos são menos aficcionados e não se restringem aos ditames da moda. "Quanto mais informado é o público, mais livre da interferência das tribos e ditaduras de grupo", observa Kátia. O mercado está vivendo o início de um novo ciclo ou a era da individualização do coletivo, prevê a gerente do Instituto de Design do Senai/Cetiqt.

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