Startup ajuda candidato a se tornar oficial da inteligência brasileira

Uma lupa em cima de várias numerações muito juntas, representando análise de dados, investigação e trabalho das agências de inteligência

 

Um método que parece de agente secreto para passar no concurso da Agência Brasileira de Inteligência (Abin). Exatamente esta é a proposta da EduQC (abin.maquinadeaprovacao.com), startup que utiliza inteligência artificial para determinar a melhor estratégia de estudos, segundo as características de cada candidato. Criada por engenheiros formados no Instituto Tecnológico da Aeronáutica (ITA) e com ajuda de um ex-oficial da própria Abin, a empresa busca tornar mais claro o caminho do sucesso para quem tem o objetivo de se tornar um oficial da inteligência brasileira.

Isso é feito por meio de um algoritmo desenvolvido pela EduQC, que considera o nível de conhecimento do candidato e o tempo que ele tem disponível frente à dificuldade do concurso ou do exame. O resultado é um mapa de estudo detalhado, que mostra quanto tempo deve ser dedicado a cada matéria. E, conforme a melhora do desempenho, o software adapta o planejamento para refletir a evolução.

Victor Maia, um dos fundadores, comenta que o objetivo final, que é passar na prova, deixa de ser intangível e passa a ser uma meta mais fácil de alcançar, como estudar 50 minutos de português por dia, por exemplo. “Dessa forma, conseguimos reduzir a ansiedade do candidato, além de aumentar suas chances de sucesso caso siga as instruções à risca”, afirma.

O misterioso trabalho dos espiões brasileiros

O concurso da Abin, autorizado em julho deste ano, tem causado frisson entre profissionais que almejam a carreira. Isso porque o órgão não contrata novos servidores há quase dez anos, o que resultou em número elevado de vagas para suprir a demanda por um novo quadro – serão 300 ao todo. Além disso, o salário é significativo: para o cargo de Oficial de Inteligência (220 vagas), o salário inicial supera os R$ 15 mil. Para completar, há o ar misterioso de se tornar um agente secreto. Mas como é, de fato, o trabalho na Abin?

O ex-oficial Carlos Tomé, que hoje é coordenador de legislação de inteligência da EduQC, explica que o trabalho de um oficial de inteligência está muito longe da ficção. O objetivo da Abin, assim como de agências semelhantes pelo mundo, é fornecer informações de qualidade para o seu superior. “Na prática, os oficias se dividem em dois grupos: os analistas que sistematizam, interpretam e qualificam dados em geral e os operacionais que são responsáveis por obter estas informações quando elas não são acessíveis de maneira convencional”, esclarece Tomé, que ficou na Agência por três anos.

Mas nada de licença para matar ou missões hipersecretas, como aquelas dos filmes de James Bond. Mesmo os oficiais que trabalham com operações seguem leis muito claras sobre o que e como pode ser feito em quais situações. Sacar uma arma, por exemplo, está fora de cogitação. “Você não anda armado, até porque, se chegar numa situação em que seria necessário utilizá-la, é sinal de que já deveria ter ido embora há muito tempo”, revela Tomé.

Foi justo essa especificidade que se mostrou um dos maiores desafios para a EduQC: mesmo com oferta de conteúdo para mais de 200 disciplinas, foi preciso criar um novo material para abarcar a Abin. Como o software da startup utiliza machine learning para refinar seus próprios cálculos conforme os candidatos melhoram seu desempenho, rapidamente o cenário estava de pé para o treinamento dos futuros espiões.

A mensalidade para uso da metodologia da EduQC é de R$ 30. Hoje, são mais de três mil estudantes e a expectativa é aumentar esse número para 10 mil em 2018.

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