País tem falta de 90 mil profissionais de TI

Previsão é de que, mantido o cenário atual, serão 200 mil vagas em aberto até 2013; segmento espera crescer até 13% neste ano

Marcus Vinicius Porteira Lopes, de 21 anos, aluno do segundo ano do curso de tecnologia em análise e desenvolvimento de sistemas da Faculdade de Tecnologia de São Paulo (Fatec) trabalha no setor de Tecnologia da Informação (TI) de um banco e pelo menos uma vez por semana é assediado por outras empresas. "São muitas oportunidades e eu ainda estou no segundo ano. E 95% dos meus colegas já estão empregados", afirma. Esse assédio que Lopes sofre é reflexo de uma realidade que se repete em várias áreas: falta de mão de obra qualificada.

"Embora empregue 1,2 milhão de pessoas, pesquisas apontam um déficit de mais de 90 mil profissionais. Mantendo-se o quadro atual, em 2013 serão 200 mil vagas em aberto", afirma o diretor de educação e de Recursos Humanos da Associação Brasileira de Empresas de Tecnologia da Informação e Comunicação (Brasscom), Sergio Sgobbi. "Para alcançar a meta do setor de aumentar em 50% o seu peso no PIB até 2020, é preciso formar mão de obra tecnológica e com conhecimento da língua inglesa para, então, incorporar 750 mil profissionais ao mercado, sendo 300 mil para atividades de exportação", acrescenta.

Em 2010, o setor cresceu 15% e, em 2011, deve ter um aumento de 13%, impulsionado pelo uso de TI em todos os segmentos da sociedade. Sgobbi vê com otimismo algumas ações governamentais para solucionar o problema, como a aprovação pela Câmara, na semana passada, do projeto de lei que cria o Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego (Pronatec).

Bolsas. A Secretaria de Educação Profissional e Tecnológica (Setec), vinculada ao Ministério da Educação, informou que o Pronatec prevê a concessão de bolsas para formação de estudantes e trabalhadores, além de linhas de crédito de Financiamento Estudantil (Fies) específicas para cursos técnicos.

Segundo a Setec, o governo federal tem programas e ações voltadas ao acesso ao ensino técnico e tecnológico. A Rede Federal de Educação Profissional, Científica e Tecnológica, por exemplo, saiu de 140 escolas em 2002, para 403 unidades em funcionamento este ano, com 420 mil matrículas. Além disso, o programa Brasil Profissionalizado disponibilizou R$ 1,5 bilhão para as redes estaduais de formação profissional em 23 Estados. Há, também, o programa Escola Técnica Aberta do Brasil que, desde 2007, proporciona formação profissional à distância a 30 mil brasileiros.

Na esfera estadual, São Paulo lidera no incentivo à formação técnica, com 51 Fatecs e 200 Escolas Técnicas Estaduais, administradas pelo Centro Paula Souza. O coordenador de ensino superior da instituição, Angelo Cortelazzo, explica que os cursos de tecnologia formam alunos especializados e com muito mais foco e profundidade de conhecimento, por isso o alto índice de empregabilidade de seus alunos.

O centro, que existe há 42 anos, oferece cerca de 80 vagas para cada curso, distribuídas em dois ou três períodos. São 10.860 vagas em todo o Estado, para 60 tipos de cursos, com 55 mil alunos matriculados. "Os cursos têm por objetivo atender ao perfil socioeconômico de cada região onde são implantados e fortalecer os Arranjos Produtivos Locais (APLS)", afirma Cortelazzo.

Empresas. Um exemplo é a parceria com a Fibria Celulose S/A, que apoiou a construção de uma Fatec em Capão Bonito, local da base florestal da empresa e onde hoje é ministrado o curso de técnico em silvicultura. A gerente de desenvolvimento e captação da Fibria, Andressa Barros, diz que é prática da empresa oferecer programas de formação profissional nos locais onde a empresa possui plantas industriais, visando a formação de mão de obra local.

A IBM Brasil também oferece vários programas de qualificação para solucionar esse déficit, como o curso voltado ao inglês utilizado no mundo dos negócios, disponível no site www.ti-smart.com.br . Outro programa é o Oficina do Futuro de qualificação de professores, que depois replicam aos alunos.

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