Parte do comércio ainda resiste à venda no cartão

A dois anos da Copa do Mundo, alguns estabelecimentos de Manaus ainda não aderiram ao uso dos cartões de crédito ou débito, o que dificulta as vendas no comércio. A falta de adesão ao chamado dinheiro de plástico pode causar transtornos durante o evento esportivo e até funcionar como uma má propaganda para a cidade, segundo especialistas, que recomendam uma campanha para convocar os lojistas a aderir a este meio de pagamento.

Segundo informações da última edição da revista especializada Veja Manaus Comer e Beber, 27% dos 81 bares levantados não aceitam nenhum tipo de cartão de crédito. Dos 193 pequenos estabelecimentos definidos pela publicação como comidinhas, 30,56% não aceitam o pagamento eletrônico à vista ou via crédito e 9,7% dos 134 restaurantes não trabalham com essa modalidade de pagamento.

Na Feira de Artesanato da Praça Tenreiro Aranha, Centro, em frente ao Porto de Manaus, a compra só é realizada com moeda em espécie.

A situação é histórica. No auge do turismo de compras dos produtos importados, entre o final dos anos 70 até meados da década de 90, a maioria das lojas não aceitava os cartões dos turistas, nem cheques.

O uso dos meios eletrônicos de pagamento é imprescindível para o sucesso da Copa. Se os lojistas não adotarem, isso irá gerar um transtorno e um grande prejuízo para o comércio, afirma o especialista em Marketing Estratégico, Marcelo Castro, membro do Conselho do Projeto Copa 2014.

Para o especialista, a concretização desse cenário pode desencadear uma visão ruim da cidade para os turistas. É comprovado que uma Copa alavanca mais turistas depois do que propriamente no período, se Manaus passar uma imagem de que é complicada para usar cartão de crédito, isso irá gerar uma onda de receio de visitar a cidade, avalia Castro, também consultor empresarial.

A situação provoca insegurança no turista. Isso pode atrair assaltos, pois as pessoas vão andar com dinheiro na mão, disse.

Os lojistas alegam as altas taxas de manutenção cobradas pelas operadoras dos cartões para não aderirem a este meio de pagamento. A sugestão do consultor empresarial é convocar uma campanha para estimular a adesão dos comerciantes. Os lojistas precisam se unir para solicitar a cobrança de taxas de utilização mais acessíveis, afirma. Segundo Castro, esse movimento poderia ser comandado, por exemplo, pela Câmara dos Dirigentes Lojistas de Manaus (CDL/Manaus).

A iniciativa foi descartada pelo presidente da entidade, Ralph Assayag. Isso não vai acontecer, o próprio lojista tem que perceber que ele vai perder, vai quebrar se não aceitar o cartão de crédito e atender o cliente da melhor maneira possível, disse. Segundo o representante do setor, a recusa do pagamento com cartão abre espaço para a concorrência. Isso atrai assaltos e o cliente vai acabar buscando um lugar que aceite cartão. O comerciante perderá venda e terá prejuízo.

Na avaliação do presidente da CDL, o volume de comerciantes que aceitam cartões não é pequeno. Não acho que poucos estabelecimentos de Manaus aceitam cartão, pelo contrário, até camelô aceita, comentou.

O DIÁRIO apurou que grandes e antigos estabelecimentos ainda se recusam a oferecer esse serviço para os clientes. O uso do cartão de débito não é tão difundido na cidade. Quase equivalente ao pagamento à vista, a operação não está presente em 9% pontos de comidinhas, quase 26% dos bares e 6,71% dos restaurantes, considerando os 408 estabelecimentos levantados na última edição da Veja Manaus Comer e Beber.

Proprietário do Studio de Beleza Herney Velasquez, bairro Alvorada, zona oeste, Reinaldo Roder decidiu aderir ao uso do cartão de crédito e débito desde a inauguração do salão de beleza, há dois meses. No futuro, ninguém mais vai usar dinheiro, não vale à pena não aceitar cartão, fiz isso pensando nos negócios e nos clientes, que na sua maioria têm dinheiro em conta, disse.

Segundo o empresário, o valor da taxa paga por ele pelo uso da máquina da Cielo é de R$ 70. Não acho caro, se antecipo a conta ainda ganho desconto de 3,87%, acho que quem diz que é caro na verdade tem o nome sujo na praça e por isso não pode contratar o serviço de cartão de crédito, disse.

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