Preço de mercadorias começa a cair por causa da crise nos EUA

O preço de mercadorias e matérias-primas (commodities) começou a cair. Diante do desaquecimento econômico nos Estados Unidos, esse era o cenário mais provável. Contudo, não estava se confirmando. Pelo contrário. Desde janeiro, o preço do cacau subiu mais de 40%; o café, 38%; gás natural, 34%; trigo, 29%; e o alumínio, 28%.

Só na semana passada, o petróleo teve alta de quase 5% e o ouro, de 3%. Ontem, o cenário mudou. O petróleo caiu 4,51% – o maior índice em um único dia desde 1991 – e o ouro despencou 5,9%, a maior queda em um dia (em dólar) em 28 anos. “Quando o mundo desacelera, a queda das commodities é violenta. Se a redução no crescimento econômico é de 1%, por exemplo, a perda para estes produtos chega a 10%. Isso não estava acontecendo porque havia uma fuga do risco. O investidor estava migrando do risco (o dólar) para ativos mais seguros (as commodities)”, afirma o professor da Faculdade de Economia da Universidade de São Paulo (USP), Fabio Kanczuk.

Para ele, isso começou a mudar depois das últimas decisões do banco central americano (Fed). “De repente, o Fed deixou claro que fará o que for necessário para preservar o dólar. Essa é a sensação que se tem hoje.” Kanczuk diz que estava surpreso porque o preço das commodities ainda não apresentava queda, apesar do desaquecimento da economia dos Estados Unidos. “Mas agora elas vão cair ainda mais.”

Economia brasileira

Para o Brasil, a queda do preço das commodities é determinante, já que o País receberá menos pela exportação desses produtos. Além disso, se a demanda externa cair, o valor das exportações brasileiras vai diminuir. Kanczuk avalia, contudo, que o consumo interno vai continuar puxando o Produto Interno Bruto (PIB) e deverá compensar em parte o desaquecimento econômico no mercado internacional. “O crédito ainda é muito forte e os setores que dependem disso, como automóveis e bens duráveis, continuarão bem.”

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