Primeiro dia de palestras reúne mais de 2 mil pessoas no Startup Summit

O primeiro dia do Startup Summit foi de programação agitada e muitas discussões sobre inovação e tecnologia. Na palestra “O que os grandes empreendedores têm a ensinar sobre as startups”, o diretor- executivo da Unidade de Gestão Pública e um dos fundadores da Softplan, Moacir Marafon, e o presidente do Conselho de Administração e co-fundador da Senior Sistemas, Jorge Cenci, destacaram o que foi fundamental para que as duas empresas se tornassem referência no mercado do desenvolvimento de softwares.

Os empresários trouxeram recomendações para quem quer empreender. “Percebemos que as soluções desenvolvidas junto ao cliente decolavam, enquanto as outras, não”, destacou o diretor da Softplan, criada em 1990. Para Marafon, um dos passos mais importantes para quem quer entrar no mercado, então, é estar atento ao que o cliente precisa. “A solução precisa trazer o que o mercado quer”, afirmou ele. Para resumir: “esteja atento ao problema a ser resolvido e, segundo, tenha foco, seja insistente”, disse o diretor da Softplan.

O cofundador da Senior Sistemas também lembrou a importância de formar uma boa equipe nesse processo. “Nas empresas, as pessoas são muito importantes, as competências precisam se somar e se complementar. Um time que seja capaz, que trabalha, que seja eficaz é o time que terá um diferencial”, destacou Jorge Cenci. Outro fator que tem sido fundamental para as duas empresas catarinenses consolidadas no mercado irem mais longe foi o investimento em inovação.

Tanto a Softplan como a Senior se aliaram a startups para se renovarem. “Nossa estratégia tem sido procurar empreendedores, para criar novos hábitos”, destacou Cenci. Para Marafon, na trajetória do empreendedor é preciso pensar diferente e transformar isso em um hábito. “Criamos internamente uma cultura da inovação”, afirmou. A palestra com os dois empresários contou com a mediação do jornalista Rodrigo Lóssio, da Dialetto, agência de comunicação especializada no setor de tecnologia.

Marco Poli, Investidor Anjo, da Closed Gap Ventures, em palestra sobre inovações e grandes corporações, pontuou que as grandes corporações se consolidam oferecendo algo que é conhecido pelos clientes, ou seja, trata-se de uma relação previsível. O efeito colateral disso é justamente que não há muito espaço para inovação. O desafio é encontrar maneiras de se renovar sem que isso abale a forma como a marca foi consolidada. Isso pode vir pela inovação dentro da empresa ou pelo relacionamento com as startups.

Na maior parte dos casos, as startups  não querem competir com as grandes empresas, e sim cooperar, complementar a pesquisa fundamental e aplicada com o desenvolvimento que elas produzem. Por isso, Marco Poli recomenda aliar esses diferentes enfoques. Segundo ele, não há fórmulas mágicas. “Em um bom programa de inovação aberta de uma grande empresa, ela vai escolher cerca de 6 formas de interagir com startups e vai descobrir as melhores ao longo do tempo, com tentativa e erro – não existe bala de prata, são diversas formas de interação que, juntas, podem gerar valor para a corporação e a startup”. Em painel mediado por Marco Poli, Marcus Anselmo, da Softplan, Rodrigo Pereira, da B3, e Renato Valente, da Telefónica, destacaram projetos de sucesso de inovação em grandes corporações. Diante das propostas apresentadas, Marco Poli resumiu: “Todas as empresas bastante evoluídas costumam ter diversas formas de inovar”.

Em palestra sobre o glamour do agronegócio, Cristina Bittencourt destacou que o agronegócio representa cerca de 21% do PIB brasileiro. Uma das áreas mais tradicionais do país é caracterizada, cada vez mais, pela inovação. Cristina Bittencourt, fundadora da Agriness — empresa dedicada a tecnologias para o agronegócio — mostrou em sua palestra “ O glamour do Agronegócio”, que na verdade o trabalho começa com o pé na lama das fazenda e criadouros. Ela defende que para conhecer as verdadeiras necessidades dos clientes, as empresas que trabalham, ou querem inovar, na área de agro precisam ir à campo e conhecer a realidade dos agricultores.  O grande segredo para ter sucesso nesse crescente setor — que ainda carece de inovação — para Cristina é valorizar a história e a necessidade de cada cliente.

Em “Uma espiada no futuro”, com um telefone analógico, Marcos Piangers guiou a plateia da Plenária em uma viagem no tempo para o passado. Do telefone, para internet discada, para os primeiros sites de busca e relacionamento, o comunicador provocou o público “ aqui achamos que não teria nada mais para ser inventado”.  Mas dali para frente a inovação foi grande: surgiram as primeiras startups e o mercado mudou de paradigma. Antes, de acordo com o Piangers, as empresas investiam 70% em marketing e 30% em produto, agora a lógica se inverteu e a regra é ter um produto com máxima qualidade que a divulgação dele será feita organicamente, pelo velho método boca a boca — ou trazendo para os dias de hoje, compartilhamento à compartilhamento.

Autor do livro “10milstartups”, Felipe Matos,  ministrou a palestra “Evolução do ecossistema do Brasil: como está o ecossistema de startups no Brasil, caminhos, desafios e perspectivas para o futuro”. Ele mostrou parte do cenário atual, que vive um momento de expansão no número de startups, instituições de apoio (como aceleradoras, incubadoras e coworking) e conexões mas esbarra em regulação e educação —  sobram muitas vagas no setor de tecnologia por falta de mão de obra qualificada e as instituições reguladoras não acompanham o ritmo e a dinâmica do mercado.

Mediada por Marcelo Amorim, da Bzplan, o painel “Incubadoras e Aceleradoras: melhores práticas no apoio a startups em estágio inicial” pontuou a diferença entre os programas de apoio e o que eles buscam. Consenso entre os painelistas Gabriel Santos, da incubadora MIDITEC, Benyamin Fard, da aceleradora Spin, José Gutierrez, da aceleradora ACE, Marcos Mueller, do Darwin Startups, e Tony  Chierighini, da incubadora Celta, o papel dessas instituições de apoio é orientar as startups quanto a estratégia e a construção de times para que o empreendedor faça o resto com segurança e apoio. A principal diferença entre os programas, de acordo com eles, é a maturidade e o produto dos negócios, além da quantidade de tempo em que as empresas ficam nas instituições.

Em “Como construir uma comunidade empreendedora no Brasil”, Amure Pinho, da ABStartups destacou que as instituições de apoio são como médicos de família que acompanham o desenvolvimento das comunidades a fim de auxiliá-las e fortalecê-las. Isso é feito por meio da troca de experiências e da exposição de boas práticas nacionais e internacionais. Amure destacou a importância de um líder da comunidade local não governamental para que a ação tenha continuidade e cresça junto com os empreendimentos locais.

O Startup Summit tem a proposta de promover uma imersão em temáticas relacionadas a tecnologia e inovação. O evento, que ocorre nestes dias 12 e 13 de julho, é organizado pelo Sebrae, em parceria com Associação Catarinense de Tecnologia (ACATE) e Secretaria do Desenvolvimento Econômico Sustentável, do Governo de Santa Catarina.

 

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