Café ganha versão gourmet e movimenta um mercado que cresce 15% ao ano

Por Mônica Pupo

De origem francesa, a palavra gourmet tem sua origem ligada aos conhecedores e apreciadores de um bom vinho. Mais democrático, mas não menos refinado, hoje em dia o termo faz referência a um dos segmentos que mais cresce no mercado e inclui toda sorte de iguarias, que vão de sopas a massas, passando por doces, cervejas, chocolates, carnes e molhos, entre outros.

Esse movimento de sofisticação gastronômica foi intensificado na última década com o aumento da renda geral do consumidor, que passou a experimentar itens de maior valor agregado. Também chamados de “premium”, esses itens possuem em incomum o apelo pela sofisticação e aos conceitos da alta gastronomia, além de estarem cada vez mais presentes nas prateleiras de supermercados e lojas de todo o Brasil.

Para suprir a demanda, empresas já existentes criam novas linhas de produtos, enquanto outros negócios surgem com foco exclusivo no segmento gourmet/premium. Um dos produtos-símbolo do Brasil, o café ganhou novas e elaboradas versões gourmet, movimentando um mercado que tem crescido em média 15% ao ano, segundo dados da Associação Brasileira da Indústria de Café (Abic). A entidade, inclusive, possui um selo destinado a identificar os produtos que se encaixam na categoria, ou seja, “cafés de alta qualidade, excelentes e exclusivos”, segundo definição da Abic. Com isso, empreendedores do ramo cafeeiro esforçam-se para atender a demanda, a exemplo do fazendo Arthur Moscofian Junior, um dos pioneiros do segmento no Brasil.

Desde a década de 1950, a cultura cafeeira faz parte da família de Moscofian, que desde então se encarrega do cultivo dos grãos em fazendas próprias no sul de Minas Gerais. Antes de investir no mercado gourmet, no entanto, o empreendedor fez uma verdadeira jornada de estudos sobre o café, com direito a visitas à Europa e a torrefadoras e fazendas pelo Brasil afora com o objetivo de aprimorar seus conhecimentos sobre o tema. “Nossa proposta é oferecer o melhor café que o Brasil produz para os brasileiros degustarem”, afirma o empresário.

Após anos de pesquisa, ele conseguiu desenvolver um sistema de plantio sustentável que aumenta a produtividade da área cultivada e garante até 80% de produtividade. A produção envolve apenas grãos 100% Arábica, um dos mais clássicos e valorizados no segmento gourmet. “Por ser produzido apenas com grãos Arábica, o café apresenta maior cremosidade, aroma, sabor e custo-benefício, pois extraímos o maior número de xícaras por quilo de café em relação aos grãos convencionais”, explica Moscofian.

O empreendedor também viajou para a Itália, onde estudou os diferenciais da torra do processo gourmet e a forma ideal para preparar um autêntico expresso. Em 1985, ele lançou o primeiro café gourmet do Brasil – o Café Gourmet Santa Monica. Em fazendas próprias no sul de Minas Gerais, a produção do café é acompanhada desde o nascimento do fruto, incluindo O café ganhou novas e elaboradas versões gourmet, movimentando um mercado que tem crescido em média 15% ao ano, segundo a Abic um rigoroso processo de seleção dos grãos, além da torrefação em máquinas que garantem a integridade do produto e acondicionamento em embalagens que preservam seu aroma e sabor por mais tempo. “Nós produzimos prioritariamente café gourmet, ou seja, o segmento representa 100% de nossa empresa.”

A linha de produtos da empresa consiste basicamente de cafés em grãos e sachês para máquinas de café expresso, em pó e a vácuo para filtro. Entre as novidades para 2013 está o Café Torrado em Pó Santa Monica, em opções de 250 e 500 gramas para uso doméstico. Outro lançamento é o tradicional Café Torrado em Grão oferecido em embalagens de 250 gramas para quem quer tomar um café moído na hora.

A inovação também reflete na embalagem, equipada com uma válvula de desgaseificadora, que possibilita a preservação das suas características sensoriais até a moagem. Para além do café, em 2013 a companhia também está apostando na linha de monodoses composta por Chocolate Europeu, Cappuccino e Chai, que têm como público-alvo panificadoras cafeterias e redes de autosserviço que desejam incrementar o cardápio para o inverno. “Investimos cerca de R$ 800 mil por ano em nossa safra e utilizamos a adubação orgânica com ferti-irrigação que consegue aumentar a produtividade em até 100%, entre outras técnicas. Nossa colheita acontece em duas etapas, de julho a agosto, e a secagem é feita no terreiro sob o sol para preservar a doçura do café. Depois de secos, os grãos são armazenados para descansar durante um ano antes da torra para garantir as características de uma bebida gourmet”, explica Moscofian.

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