Qualidade é diferencial para ganhar mercado

O conceito de Comércio Justo tem sido cada vez mais valorizado pelos consumidores e está sendo considerado pelas empresas como um diferencial importante. No entanto, vários obstáculos ainda têm que ser superados para que isto deixe de ser apenas uma tendência promissora e se torne uma prática comercial consolidada.

No ‘I Encontro Internacional de Comércio Justo e Solidário’, que é realizado no Rio de Janeiro pelo Sebrae no Estado, especialistas discutiram os diversos aspectos da questão. Meio ambiente, produção, consumo sustentável, linhas de crédito para microprodutores, importância do design e certificação no mercado externo foram alguns dos temas dos ainéis e palestras que constaram da programação que prossegue até esta quarta-feira (20).

Qualidade foi o adjetivo mais utilizado pelos debatedores para definir o caminho que deve ser seguido para conquistar um espaço privilegiado nesse segmento. Os produtores de café do sudeste no Espírito Santo, por exemplo, investiram no produto orgânico certificado e, com isso, superaram uma crise severa na década de 80. A Federação de Associações Comunitárias de Iúna e Irupi, (Faci) é um consórcio de 27 associações que envolve cerca de mil famílias de agricultores.

A associação, em 2007, do Boticário e parceiros como o Sebrae, Ética Comércio Solidário e ONG Visão Mundial no projeto Bonequinhas Solidária é outro caso de sucesso, ao qualificar artesãs do interior de Pernambuco. As bonequinhas, com cerca de três centímetros,
são vendidas em várias capitais brasileiras, gerando renda para mais de 300 mulheres.

"A venda nunca esteve associada a qualquer produto da empresa, mas uma pesquisa mostrou que 59% desses clientes acabaram levando um artigo do Boticário. Isso mostra que os consumidores apóiam boas idéias e comprova que negócios feitos com ética beneficiam todos os envolvidos’, afirmou a gerente de Responsabilidade Social da empresa, Márcia Vaz.

"Comércio Justo não tem nada a ver com caridade. Comprar apenas para ajudar o outro é um conceito ultrapassado. O consumidor não abre mão da qualidade, do padrão estético e do preço correto. Para isso é preciso investir cada vez mais na capacitação. Este é o grande diferencial no processo seletivo", reforçou o sócio-fundador e diretor do Mundo Verde, Jorge Antunes.

Para a coordenadora de projetos de Comércio Justo do Sebrae Nacional, Louise Machado, a Instituição trabalha com esse propósito. "O Comércio Justo encurta o caminho e construir essa ponte tem sido o desafio do Sebrae". Ela também defendeu maior participação das empresas públicas na compra de produtos do território local.

"O governo está investindo na política de parcerias com o Sebrae e trabalhamos com cerca de 1,7 mil agências de fomento para investir cada vez mais na qualificação, acesso ao crédito e comercialização", afirmou o coordenador da Secretaria Nacional de Economia Solidária (Senaes), do Ministério do Trabalho e Emprego, Haroldo Mendonça.

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