Redução de emprego nos EUA pode ser prenúncio de recessão, avalia especialistas

A redução de 63 mil empregos no mês passado, nos Estados Unidos, reforça a percepção dos analistas de que os Estados Unidos estão cada vez mais próximos da recessão. Segundo as instituições financeiras, o fraco desempenho do mercado de trabalho, aliado aos baixos preços dos imóveis, à cotação do barril do petróleo superior a US$ 100 e ao aperto do crédito, forçará os consumidores a reduzir os gastos.

O diagnóstico foi anunciado ontem (10) no boletim Panorama Diário, da Corretora Spinelli, após a divulgação do maior desemprego mensal da economia norte-americana desde 2003. A notícia derrubou as bolsas de valores de todo o mundo, apesar do anúncio do Federal Reserve (banco central dos EUA) de injetar US$ 200 bilhões no sistema financeiro para amenizar a crise.

No entanto, de acordo com os analistas da Corretora Spinelli, a situação no Brasil é diferente. Tanto que a Bolsa de Valores de São Paulo subiu no mês passado, a despeito das quedas da Bolsa de Nova York. Apesar desse "descolamento", a divulgação de desemprego na maior economia do mundo teve reflexo imediato aqui, com o Ibovespa acompanhando as baixas generalizadas no mercado internacional e fechando o dia em queda de 3,02%.

A visão de distanciamento da crise é reforçada pelo economista Márcio Peppe, diretor da consultora BDO Trevisan. “O Brasil não está exposto aos mesmos riscos que motivaram a crise imobiliária dos Estados Unidos”, diz. Segundo ele, mesmo que haja aumento do índice de capitalização (recolhimento compulsório para evitar a quebra das instituições financeiras), os bancos brasileiros não seriam afetados porque seguem exigência do Banco Central de recolher 11% do total de ativos, mais que a média de capitalização de 8% no exterior.

Márcio Peppe salienta que, mesmo antes da crise, a Europa enfrentava prenúncio de problemas após a regra do Banco Internacional de Compensações (BIS) que estipulou o índice de 8%. "Algumas instituições de crédito erraram ao não prever riscos em seu modelo de negócio, e quase quebraram", destaca o especialista, citando o Northern Rock PLC, banco do Reino Unido que acabou sendo nacionalizado pelo governo britânico no mês passado.

O economista Pedro Raffy Vartarian, da Trevisan Consultoria, diz que ainda não é possível prever o impacto da crise nos Estados Unidos. Apesar disso, ele demonstra otimismo em relação a uma solução satisfatória. "Felizmente, os mercados costumam se ajustar rapidamente às mudanças", avalia. “A atuação dos bancos centrais, com políticas monetárias ativas, pode assegurar que o comportamento relativamente tranqüilo das economias nos últimos anos se prolongue por mais tempo."

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