Respeite seus limites

A última crise econômica mundial foi um belíssimo susto porque nos acordou e nos chacoalhou para uma realidade: a de que precisamos, todos, aprender a conviver com novos paradigmas e saber como nos reinventar. Nesse cenário de desaceleração econômica, aprendemos a consumir menos e poupar mais, a equilibrar mais a vida pessoal com a profissional e a pensar no trabalho como algo que faz parte da vida, mas não como a própria vida em si.

O que ajuda é que hoje há uma valorização maior da qualidade de vida, da saúde e do bem-estar. Há um coro geral, não só no Brasil como em outros países, que propaga o trabalho como fonte de prazer, realização e felicidade. Esse é um conceito moderno, que não existia antes.

Não há vantagem alguma em ver o trabalho como obrigação, por mais que ele seja necessário e inevitável. Incontáveis pesquisas comprovam que quem trabalha com paixão e prazer cresce mais profissionalmente, vive mais e melhor, relaciona-se com seus pares de forma mais harmoniosa e ganha muito mais dinheiro – enfim, tem sucesso na carreira porque está de bem com ela.

Uma das boas coisas que vieram nesse “pacote” que valoriza a qualidade de vida é o respeito aos limites. Cada vez mais empresas realizam programas de saúde e bem-estar (com aulas de ioga, massagens, orientação nutricional, pilates) e mantêm espaços próprios para as pessoas relaxarem durante o expediente.

Por sua vez, a maior parte dos profissionais com bom senso procura intercalar a rotina com pausas saudáveis, seja na academia, no clube ou na praça perto de casa. Vejo mais empresas que têm suas próprias academias, bicicletários e vestiários para os funcionários ciclistas e corredores. Tudo isso é muito positivo. O profissional inteligente deve saber a hora de sair da frente do computador, dar uma volta pelas redondezas do escritório para arejar e respirar melhor ou voltar um pouco mais cedo para casa.
O profissional deve estar atento a seus limites. Sinais como mal-humor, desânimo, impaciência exacerbada, cansaço crônico, dores no corpo e outros mal-estares não devem ser desprezados. São avisos de que é preciso desacelerar, parar um pouco, cuidar do corpo, da mente e dar um tempo.

Não há líder nem empresa que queiram manter o funcionário grudado na cadeira como castigo ou obrigação. Hoje, o clima no ambiente de trabalho costuma ser mais amistoso e flexível, o controle é menor – espera-se que as pessoas tenham autonomia e responsabilidade – e muito mais importante do que cumprir o horário direitinho é ter vontade de crescer, colaborar com as idéias e trazer resultados.

Ficar um tempo a mais no escritório só para impressionar o chefe é uma atitude démodé e ineficiente. O chefe está de olho é no profissional ativo, que traz resultados e está de bem com a vida. Portanto, levar uma vida equilibrada que inclua atividade física, leitura, lazer, conversas com amigos, viagens e tempo para ficar com a família, entre outros prazeres, é essencial para reduzir o estresse, aumentar bom humor e até a produtividade.

Marcelo Mariaca é presidente do conselho de sócios da Mariaca e professor da Brazilian Business School.

Facebook
Twitter
LinkedIn